Archive for Biodiesel

O Poder dos Trópicos

// outubro 13th, 2006 // 4 Comments » // Biodiesel

O Poder dos TrópicosHá tempos a Europa estabeleceu como prioridade o desenvolvimento de alternativas energéticas e diante da possibilidade de tornar-se um grande importador de biocombustível brasileiro, muitos estudos estão sendo realizados a fim de avaliar a situação brasileira.

Recentemente a agência internacional de energia Bioenergy task 40, publicou um relatório sobre a sustentabilidade da produção de etanol no Brasil. O relatório foi produzido pela Unicamp e pelo Copernicus Institute, a conclusão é de que o atual modelo brasileiro de produção de etanol é ambientalmente sustentável e possui um excelente balanço energético, em torno de 8.3 e no melhor cenário 10.2. Um balanço energético muito bom, pois como exemplo, o etanol de milho, bastante produzido nos EUA, apresenta um balanço pouco maior que 1 e o biodiesel de canola, largamente produzido na Europa, apresenta um balanço energético abaixo de 2.

Este é mais um estudo de muitos que temos lido ultimamente e assim como diversos outros trabalhos em todo o mundo, parece que a conclusão é a mesma: os biocombustíveis produzidos no hemisfério norte dificilmente valem a pena, pois o gasto de energia para a produção é muito elevado quando comparado aos biocombustíveis do hemisfério sul. Conclusão essa que o professor Bautista Vidal já vem dizendo a muito tempo e que faz do livro poder dos trópicos uma leitura indispensável.

Não é a toa que estamos sendo invadidos por investidores estrangeiros buscando mais energia e maiores lucros.

As boas Intenções do Programa de Biodiesel

// outubro 10th, 2006 // 5 Comments » // Biodiesel

Por Univaldo Vedana

Pilares do programa de biodiesel

Para o biodiesel realmente sair do papel, e chegar ao tanque de nossas máquinas e caminhões, uma série de problemas devem ser resolvidos para que as boas intenções do programa não fiquem pelo caminho. Boas intenções econômicas, ambientais, de emprego e renda no campo, de produtividade agrícola e de uso de terras que hoje estão subutilizadas, alem é claro da troca da matriz energética por um combustível renovável.

Alguns pontos devem ser considerados para que as boas intenções se transformem em ações sólidas e efetivas:

É preciso dar ao álcool anidro usado para produzir biodiesel, o mesmo tratamento tributário dado ao álcool anidro misturado à gasolina. Hoje, o primeiro paga 32% em impostos e o segundo 0%.

Autorizar as usinas de biodiesel a vender o álcool hidratado, recuperado no processo industrial de produção de biodiesel.

Rever a carga tributária, tanto a federal como estadual.

A portaria 116 da ANP e o Decreto 5297 devem ser reavaliados e adequados as reais necessidades brasileiras.

Promover o incentivo a produção de outras oleaginosas especificamente para biodiesel.

Como as Petrolíferas encaram o Biodiesel

// outubro 4th, 2006 // 4 Comments » // Biodiesel

Concha sujaVocês lembram do dia que um executivo sênior da Shell (Royal Dutch Shell), disse que era “moralmente inadequado” o uso de oleaginosas para biodiesel? Esse funcionário afirmou que a Shell vai optar pelo desenvolvimento de alternativas, como a produção de biodiesel a partir de madeira e resíduos vegetais (a chamada segunda geração do biodiesel, que falaremos em breve sobre ela).

A notícia não passou em branco, provocando declarações fortes e indignadas de nossos leitores, que não ficaram sozinhos, pois descobrimos que a notícia da Reuters provocou reações similares em todo mundo, a ponto do chefe de biocombustíveis da Shell, Darran Messem, aparecer tentando desvincular a empresa dos comentários do executivo:

Os comentários feitos não representam inteiramente a política ou posição da Shell sobre biocombustíveis

Não surtiu qualquer efeito. Ficou bem claro a intenção da Shell de nesse momento, deixar em segundo plano a produção de biodiesel. Não fosse esse problema dos alimentos, eles provavelmente pensariam em outra motivo contra, afinal poderiam investir em biodiesel de pinhão manso ou qualquer outra oleaginosa que não esteja apta para alimentação.

Muitas companhias petrolíferas como a Shell e a Exxon, estão procurando investimentos em alternativas (como a energia solar e eólica) que não concorrem diretamente com o negócio deles de petróleo e gás. A Shell, ao dizer que vai investir no desenvolvimento de biodiesel através de um processo que necessita de muita pesquisa, tenta adiar o desenvolvimento desse biocombustível para não afetar a sua lucratividade. E o hidrogênio é encarado por essas empresas da mesma maneira.

Grandes áreas de produção de Pinhão Manso (Jatropha curcas)

// setembro 27th, 2006 // 23 Comments » // Biodiesel

Por Univaldo Vedana

plantação de Jatropha curcas

Apesar de todos os problemas que envolvem a cultura do pinhão manso, como a falta de financiamentos para seu plantio, a falta de pesquisas e carência de uma história sobre esta cultura, ainda assim já são alguns milhares de hectares plantados do Oiapoque ao Chuí.

São centenas de produtores em centenas de municípios que estão fazendo suas próprias pesquisas, plantaram um, dois ou mais hectares e agora estão observando o comportamento da planta para a partir do ano que vem iniciarem realmente plantios comerciais.

Os primeiros resultados destas pesquisas particulares são animadores, na maioria das regiões as plantas estão se desenvolvendo muito bem, as primeiras colheitas estão ocorrendo após cerca de oito meses do plantio e nesse período as plantas atingem em média 1,5 metros de altura, com boa formação de ramos.
Estes plantios experimentais também servirão para a produção de sementes próprias, com isto o produtor terá uma redução de custos de plantio alem de poder vender sementes para a sua região.

Em 2007, a partir de abril teremos inúmeros dias de campo sobre o pinhão manso em todas as regiões do Brasil. Estes eventos servirão para transferir à comunidade local os conhecimentos básicos sobre técnicas de plantio, tratos culturais e demais informações para o início de plantios comerciais.

Estes futuros plantios comerciais deverão ser feitos de forma integrada, produtor rural com a indústria de extração, pelo mínimo. Não recomendamos plantar pinhão manso sem contrato de venda da safra futura. Não podemos cometer com o pinhão manso os mesmos erros que aconteceram e continuam acontecendo com a mamona e outras oleaginosas para biodiesel.

Enquanto isto, projetos de plantios de grandes áreas encontram-se em compasso de espera, aguardando confirmações mais detalhadas destas pequenas experiências.

Alguns pagam pra ver. Outros mais cautelosos não querem arriscar.

Scania libera 100% de biodiesel em seus caminhões

// setembro 22nd, 2006 // 10 Comments » // Biodiesel

Na Europa, no início do mês, a Scania divulgou nota permitindo o uso de b100 em caminhões sem qualquer modificação nos motores:

Devido ao crescimento da demanda por biocombustíveis, a SCANIA decidiu depois de muitas investigações, permitir o uso de 100% de biodiesel. O objetivo é dar aos nossos clientes a possibilidade de usarem biodiesel em seus veículos Scania.

ScaniaEsta autorização faz da Scania a primeira e por enquanto a única do setor a permitir o uso de B100. Em breve veremos as demais empresas seguindo pelo mesmo caminho, uma vez que não se encontram problemas causados pelo biodiesel nos motores e este ainda apresenta diversas vantagens técnicas e ambientais.

Mas se você é um feliz proprietário de um caminhão Scania, não pense em amanhã já encher o tanque com biodiesel B100, primeiro porque você não vai encontrar lugar nenhum vendendo biodiesel puro e depois a autorização é válida apenas para o biodiesel dentro da especificação européia.

A Disputa entre a Mamona e o Pinhão Manso

// setembro 18th, 2006 // 21 Comments » // Biodiesel

Mamona e Pinhão-manso

por Univaldo Vedana
Há cerca de um ano quando lançamos o especial sobre a mamona, fizemos uma ligeira comparação com o pinhão-manso e na semana que passou o assunto voltou a entrar em discussão com a série de reportagens publicadas no Diário do Nordeste e o último texto do colunista do jornal O Tempo de Minas Gerais, Vitorio Medioli. Os problemas enfrentados com a mamona já vêm acontecendo há muito tempo e o pinhão-manso aparece como o substituto natural, graças às características similares e inúmeras vantagens.

A cautela do governo a respeito do pinhão manso é absolutamente compreensível, na medida em que as pesquisas relacionadas a esta planta precisam se desenvolver. O pinhão manso é uma planta excelente, mas não existem muitas pesquisas concluídas e grandes áreas plantadas, o que de certo modo deixa muitos analistas do governo receosos. Assim acreditamos que quando as pesquisas começarem a apresentar alguns resultados, o governo colocará o pinhão-manso no cenário nacional, sem repetir os erros cometidos com a mamona.

A área plantada de mamona está caindo consideravelmente, mas as plantações continuarão existindo em grande quantidade. Para o governo ajudar a agricultura familiar e os plantadores de mamona, é necessário que incentive a indústria de biodiesel, que é quem compra a produção do agricultor. Uma única usina em uma região produtora de mamona terá o oligopsônio do produto e comprará pelo preço que quiser. A alternativa para o produtor não ficar na mão de um só comprador é ele montar uma pequena usina para si ou se associar com mais produtores e montar uma usina de média capacidade para uso dos sócios, ou ainda fechar contrato de compra com grandes usinas de biodiesel garantindo um bom preço por um longo período de tempo. Assim, mais importante que incentivar o plantio de mamona ou o pinhão-manso é preciso que o governo incentive o desenvolvimento das usinas de biodiesel por todo o Brasil.

Investimentos, Biocombustíveis e Oportunidades

// setembro 15th, 2006 // 3 Comments » // Biodiesel

No acordo trilateral Brasil-Índia-África do Sul, os biocombustíveis foram a estrela do encontro, onde empresários e autoridades governamentais decidiram trabalhar na identificação de setores complementares entre os países. Nós encontramos hoje que a empresa indiana Reliance Industries será uma das beneficiadas com o acordo e está procurando por terras no Brasil para iniciar o plantio de cana-de-açucar e produção de etanol. O jornal indiano coloca os preços das terras brasileiras em US$ 1000 por hectare e nas palavras do presidente da empresa indiana, R.C. Sharma:

  • A grande procura na próxima década será por terra para produzir comida e combustível e vemos o Brasil com enorme potencial para suprir a demanda mundial.
  • No mundo globalizado a distância não impede o investidor, o que importa é a oportunidade.
  • Poucas pessoas percebem que as oportunidades estão na América do Sul, onde a terra é abundante, fértil, barata e os governos agora são estáveis.
  • Etanol e biodiesel se tornarão commodities e serão vendidas para onde tiver demanda.
  • O etanol é o combustível mais barato hoje e nada parece indicar que o petróleo ficará com seu preço abaixo dos US$ 50.
  • No futuro mais e mais países transformarão terras em plantações de combustível, para combater a dependência pelo petróleo.

Para nós envolvidos com o setor de biodiesel e que conhecemos o potencial brasileiro a muito tempo, não nos surpreende essas declarações apaixonadas e o descobrimento das incríveis oportunidades oferecidas pelo Brasil. Nós acreditamos que os investimentos internacionais na área de biocombustíveis estão apenas começando e não tardará muito para vermos o início de inúmeros projetos.

Tungue: O Pinhão Manso da Região Sul

// setembro 11th, 2006 // 35 Comments » // Biodiesel

Por Univaldo Vedana

Tungue: a Planta e seus frutos

Talvez poucos de vocês tenham ouvido falar do Tungue (Aleurites fordii), uma planta nativa da Ásia, com excelente potencial de produção de óleo por hectare. Seu plantio é recomendado em áreas onde a agricultura mecanizada é impossível e pode ser plantada em toda a região sul, pois precisa de frio para alcançar boa produtividade.

A colheita é simples, pois os frutos maduros caem no chão, bastando apenas juntar os frutos caídos. Inicialmente nós acreditamos nesta cultura para a agricultura familiar, nas pequenas propriedades rurais, onde esses agricultores poderão produzir cerca de 1.500 litros de óleo por hectare.

Para as regiões mais quentes do Brasil o pinhão manso é a grande alternativa para o biodiesel, mas na região sul o tungue será a escolha segura e lucrativa.

Será que o governo vai gostar desta planta? Vejamos:

  • Planta voltada para a agricultura familiar.
  • Necessidade de colheita manual
  • Emprego para o campo
  • Baixo custo de extração do óleo.

Kit Biodiesel vidros com biodiesel de diversas fontes

Não é uma planta para o Nordeste brasileiro, mas é a alternativa que faltava para sul.

Agora o Lula só precisa acrescentar o biodiesel de tungue naqueles vidrinhos, apresentado aos chefes de estado em visitas a Brasília.

Saiba um pouco mais sobre o tungue.

Prazo para apresentação de projetos sobre biodiesel do BNB

// setembro 6th, 2006 // No Comments » // Biodiesel

Banco do NordestePara aqueles envolvidos em pesquisas com a glicerina, pinhão-manso ou mamona e estão precisando de recursos financeiros, aproveitem até segunda-feira (11.09) para enviarem seus projetos, pois nesta data encerra-se o prazo para envio das propostas ao BNB. Os recursos sairão do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNDECI, do Banco do Nordeste.

Lembre-se que apenas serão aceitos projetos do Nordeste, Norte de Minas Gerais e Norte do Espírito Santo, e não podem ultrapassar o valor de cem mil reais. Pelo menos oito projetos serão selecionados.

Para saber como deve ser estruturada a proposta, os critérios de seleção e documentação necessária veja as instruções para apresentação dos projetos. (.pdf)

Os projetos devem ter como tema:

  • Desenvolvimento de novos produtos a partir da glicerina;
  • Desintoxicação e aproveitamento da torta de mamona para ração animal;
  • Multiplicação de sementes básicas e pré-básicas de mamona;
  • Desenvolvimento de variedades de mamona adaptadas à baixa altitude;
  • Difusão de tecnologias e sistemas de produção apropriados à produção de mamona para a agricultura familiar;
  • Coleta de germoplasma, caracterização agronômica, seleção de materiais superiores e desenvolvimento de sistema produtivo para a cultura do pinhão manso.

As Desvantagens do Biodiesel

// setembro 4th, 2006 // 98 Comments » // Biodiesel

Velha placa de biodiesel
Nós imaginamos que os leitores desse site já conhecem bem as vantagens do biodiesel, porém a divulgação das desvantagens raramente acontece. O que parece absolutamente compreensível, na medida em que todos estão buscando o crescimento desse biocombustível aqui no Brasil. Mas não é nosso objetivo empurrar para debaixo do tapete os problemas, assim vejamos algumas das desvantagens do biodiesel:

  • Contra a lei: Atualmente é proibido o uso de motor diesel em carros de passeio, se você está pensando em ajudar a saúde do planeta, vá com calma. Em breve essa lei não fará mais sentido.
  • Cristalização em baixas temperaturas: Em regiões de clima muito frio, a viscosidade do biodiesel aumenta bastante. Assim como o diesel, podem ocorrer formações de pequenos cristais, que se unem e impedem o bom funcionamento do motor. Porém, existem diversas precauções que podem ser tomadas para contornar este problema.
  • Emissões de NOx: De todas as partículas prejudiciais esta é a única que com biodiesel apresenta ligeiro aumento. O óxido de nitrogênio pode aumentar até 15% no uso de B100. O NOx é um grande responsável pela baixa qualidade do ar em São Paulo. A boa notícia é que com o uso de aditivos ou alteração nos motores as emissões diminuem consideravelmente.
  • Limpeza do bicos injetores: Nos motores que sempre usaram diesel, pode ocorrer, nos primeiros abastecimentos com biodiesel, a liberação de sujeiras e resíduos acumulados no tanque. Assim, é recomendada uma limpeza do tanque de combustível a troca do filtro quando iniciar o uso de biodiesel e quando completar 100 horas uma nova troca do filtro de óleo. Embora esta seja a princípio uma desvantagem, se deve ao fato das melhores características químicas do biodiesel.
  • Troca de peças: Nos motores de ciclo diesel fabricados até 2002/2003 poderá ser necessário a troca de alguns retentores da bomba injetora, pois o biodiesel é bastante agressivo sobre essas borrachas. A mudança no motor é simples e barata. Moores fabricados após esta data provavelmente não seja necessária qualquer adaptação. Para aqueles mais assustados que tem um carro antigo, não se preocupem, o código de trânsito brasileiro proíbe que os consumidores sejam obrigados a adaptarem seus veículos (e ainda vai muito tempo até o B100).
  • Somente B2 por enquanto: É relativamente fácil encontrar biodiesel nos postos brasileiros, mas somente o B2 (2% de biodiesel e 98% de diesel). O que é considerado mais um aditivo de lubricidade para o diesel que propriamente um novo combustível.
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