Semelhanças Internacionais: Soja e Dendê.
// janeiro 17th, 2007 // 1 Comment » // Biodiesel
Em texto publicado ontem, a Reuters retratou o problema que o Biodiesel na Malásia irá enfrentar este ano: A alta do preço do óleo de Palma e a queda do preço do petróleo. A Malásia é a maior produtora do mundo de óleo de Palma (planta conhecida no Brasil como dendê) e o seu projeto de biodiesel é praticamente todo fundado nesse óleo, que subiu 40% em 2006. E o preço do petróleo, que regula a margem de lucro de uma usina, sofreu forte queda nos últimos 30 dias. Com tudo isso, os especialistas duvidam que a quantia de 1 milhão de toneladas de biodiesel seja produzida em 2007 na Malásia.
Percebem a semelhança do problema da Malásia com o Brasil? O Brasil é o segundo maior produtor de soja e quase todos os grandes projetos de biodiesel brasileiros são baseados no óleo de soja. O preço do óleo de soja está subindo e do petróleo caiu, podendo se estabilizar na casa dos 50 dólares. As conseqüências aqui serão as mesmas: diminuição na produção e freio nos investimentos no setor.
Mas nada disso é novidade, o Univaldo Vedana vem falando há tempos que a Usinas de biodiesel devem se preocupar primeiramente com a matéria-prima e procurar ao máximo não depender do mercado da soja. Com os preços nesses patamares ficará difícil conseguir investidor para uma usina de biodiesel que utilize soja como principal matéria-prima.
A usina ideal deve utilizar uma matéria-prima que não tenha mercado formado, como a soja no Brasil ou a palma na Malásia. Muitos produtores no Brasil não produzem em suas terras no inverno porque não tem quem compre sua produção. São grãos sem comercialização estruturada no Brasil, como a colza, o nabo forrageiro e muitos outros grãos que não são produzidos apenas porque não tem venda e preço garantido ao produtor. Há ainda outra categoria de matéria-prima, na qual se enquadra o pinhão manso, a dos grãos sem nenhum comércio mundial. Uma usina de biodiesel que tenha como matéria-prima o pinhão manso, o tungue ou outra oleaginosa específica para biodiesel, não sofrerá com as variações do mercado de óleos no mundo, pois seu óleo só será utilizado para a produção de biodiesel, consequentemente seu preço será ditado pelos produtores de biodiesel.
São essas alternativas que devem ser exploradas e incentivadas pelas usinas e Governos. Fazendo isso o Brasil, a Malásia e qualquer outro país que queira produzir biodiesel, poderá ter certeza de quanto será produzido e as usinas estarão livres das freqüentes variações de preço que ocorrem com óleos mais consumidos no mundo.