Agregando valor com a soja: biodiesel pode ser o catalisador
// 16 outubro 2009 // Matéria-prima
O país é o segundo maior exportador de commodities agrícolas, atrás apenas dos Estados Unidos, e tem um hectare em cada quatro hectares disponíveis no mundo para serem explorados pela agricultura. Segundo Antonio Fayet, economista e consultor da CNA – Confederação Nacional da Agricultura, até 2020 o Brasil ultrapassará os Estados Unidos e se tornará o maior exportador de alimentos do planeta.
Ser o maior exportador, com enormes superávits na balança comercial é bom para qualquer país e enche de orgulho seu povo. Mas é interessante para um país ser o maior exportador de produtos primários?
Nenhum país desenvolvido hoje conseguiu chegar aonde chegou tendo sua economia baseada na produção e exportação de produtos primários. Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália, Inglaterra são exemplos disso. A própria China, que importa uma infinidade de produtos primários inunda o mundo com produtos industrializados de baixo preço e muitos de baixa qualidade.
Produzir, industrializar e exportar, o famoso “agregar valor”, que deveria ser princípio de qualquer país, não acontece com a exportação de soja em grãos que ainda é incentivada com redução tarifária. Com o café ocorre pior, exportamos ele em grão e importamos um blend dos nossos cafés da Itália, pagando muito mais caro que o preço recebido na exportação.
O setor de biodiesel brasileiro tem muito a colaborar para que o país agregue valor às suas exportações. A dependência do óleo de soja para a produção de biodiesel ainda deve continuar por longos anos e podemos trocar a exportação de grãos por farelo e ainda deixar de importar diesel. Além disso, o biodiesel pode ser o catalisador que irá fazer o Brasil deixar de ser um exportador de soja em grãos para exportar, pelo menos, farelo e óleo de soja, através do questionamento do setor aos tributos de exportação.
Univaldo Vedana