Leilões de biodiesel: quando os incentivos estaduais fazem a diferença
// 12 março 2010 // Usinas
Depois de muita polêmica e resistência por parte das usinas referente a volta do leilão eletrônico de biodiesel, o certame aconteceu dentro da normalidade e o grande temor das usinas de que ocorresse um deságio que dificultasse a lucratividade ou trouxesse prejuízos não aconteceu. A exceção ficou apenas nos itens de menor volume do lote sem o selo, mas apenas nesses itens e não no lote todo.
O estado de Mato Grosso foi novamente o que mais vendeu. Três estados, MT,GO e RS foram responsáveis por 66% da venda. Estes três estados são os que mais dão incentivos fiscais via redução de ICMS, tanto sobre a venda de biodiesel como na construção de usinas. Por esse motivo são os maiores produtores e vendedores de biodiesel nos leilões oficiais.
E são realmente os incentivos que fazem a diferença, não o fato de serem grandes produtores de soja. Se fosse por isto, os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul também deveriam entrar nessa lista, que além de grandes produtores de soja tem uma logística melhor em relação a região que mais consome diesel no Brasil.
O preço médio de venda dos leilões trouxe alívio para a maioria das usinas. Com os atuais preços do óleo de soja e do sebo bovino e a entrada da boa safra brasileira de soja, somada à boa safra americana e argentina, as cotações serão pressionadas para baixo. Com a concretização dessa perspectiva as usinas garantem mais um trimestre de bons lucros.
O 17º leilão, marcado por polêmicas antes de seu início, terminou para quase todas as empresas participantes. Seu final ficou longe da perfeição, mas igualmente distante do cenário pregado por algumas usinas e pela Ubrabio.
Agora é pensar pra frente. Em maio acontecerá mais um leilão e com as ampliações e a chegada de novas usinas, teremos um cenário mais concorrido, especialmente no lote das usinas sem o selo. A ANP e o MME precisam resolver o problema da concorrência forçada apenas entre as pequenas usinas sem selo e as usinas precisam estar prontas para negociarem em um ambiente mais competitivo.
Univaldo Vedana