Falhas estruturais do selo social: oleaginosas alternativas e perspectivas para o crambe
// 13 abril 2010 // Matéria-prima
O crambe foi plantado pela primeira vez em Goiás em 2008 em uma área de aproximadamente 400 hectares. Na safrinha de 2009 o plantio ficou próximo de 4 mil hectares. A previsão era de que em 2010 a área aumentasse muito.
Mas essa previsão não se concretizará.
A época ideal para o plantio em Goiás está terminando e a área não ultrapassará poucas centenas de hectares. Um dos motivos é o baixo preço da soja e do milho que trouxe desânimo aos produtores da região. Sem margens de lucro na venda da soja e com previsões de uma super oferta de milho na safrinha deprimindo os preços, os agricultores ficaram sem lucro na safra de verão e não se animaram em plantar o crambe.
Mas esse não é o maior problema.
A causa dessa baixa adesão é a falta de compradores para a planta. O produtor não pode plantar sem garantia de venda. O mesmo já aconteceu com o girassol, a canola e outros produtos sem cadeia produtiva formada. O produtor não arrisca mais. E não deve arriscar.
Apesar de ser uma planta que usa os mesmos equipamentos utilizados na safra de verão e os tratos culturais que exige já foram entendidos pelos produtores, não é admissível que o produtor se arrisque e fique com seu produto encalhado.
É por isso que o futuro do crambe ou de qualquer outra oleaginosa alternativa a soja dependerá da formação e estruturação de cadeias produtivas garantindo a comercialização a um preço justo.
As duas principais usinas de biodiesel do estado de Goiás estão inseridas no agronegócio da soja. Não parece interessante para elas fomentar outras oleaginosas, já que conseguem o selo Combustível Social com soja sem muito esforço.
Univaldo Vedana