Das barreiras comerciais ao B20
// 08 julho 2010 // Biodiesel
Não é de hoje que a União Européia quer barrar a qualquer custo os biocombustíveis produzidos fora do seu território. Diversas barreiras comerciais foram impostas à entrada de biocombustíveis, muitas delas foram criadas com justificativas ambientais, quando na realidade pretendiam proteger a produção interna de biocombustíveis.
O biodiesel de soja vem sofrendo denúncias sistemáticas, algumas chegam ao absurdo. A última dizia que o biodiesel de soja poderia gerar quatro vezes mais emissões que o diesel de petróleo.
Apesar de terem motivos escusos, as barreiras comerciais são comuns e será preciso conviver com isso. E contra-atacar.
O programa de incentivo ao cultivo do dendê (palma) recentemente lançado pelo governo é um exemplo de exploração sustentável, mas que pode ser alvo de questionamentos, especialmente no que tange ao avanço sobre a Amazônia. O governo já antecipou possíveis problemas e no estado do Amazonas, que teoricamente tem 50 milhões de hectares com aptidão para a cultura, só poderá plantar em 800 mil hectares. Além disso, o dendê só poderá ser plantado em áreas desmatadas antes de 2007. Um belo exemplo de proteção da floresta que precisa ser fiscalizado com intensidade para garantir o cumprimento.
Mas é preciso fazer mais. Além de plantar dendê o país precisa usar a terra pronta, o clima favorável, e as máquinas e equipamentos que ficam ociosos durante meio ano depois da safra de verão. É preciso vontade para criar programas e políticas públicas para a formação de novas cadeias produtivas para oleaginosas pouco cultivadas no Brasil.
Sem derrubar uma única árvore o país poderá produzir mais 30 ou 40 milhões de toneladas anuais de oleaginosas de inverno com mais de 30% de teor de óleo. Óleo mais que suficiente para um B20 em todo o território nacional.
Usando essas terras e aumentando significativamente a produção de grãos no Brasil, qualquer “estudo” afirmando que o biodiesel brasileiro não é ecologicamente correto seria facilmente desacreditado.
Univaldo Vedana