Blog BiodieselBR – por Univaldo Vedana

Pinhão-manso: o caminho

// 07 agosto 2009 // Matéria-prima

Quero relatar aqui uma experiência muito interessante envolvendo não apenas o pinhão-manso, mas um projeto completo que está conseguindo superar enormes desafios e deve servir de exemplo para todo o país.

Trata-se do Consórcio Florestal Pinhão Manso (CFPM) que no sul do Pará por iniciativa própria, sem respaldo do governo federal e até com investimento estrangeiro, já reúne mais de quatro mil pequenos agricultores.

O projeto está ligado à Cooperativa dos Produtores de Cacau e Desenvolvimento Agropastoril de Novo Repartimento – Coopercau. Atendendo 150 assentamentos e 50 áreas de regularização fundiária em três municípios no sul do Pará – Novo Repartimento, Marabá e Itupiranga.

Uma região onde os pequenos agricultores estão jogados à própria sorte, sem estradas transitáveis, sem energia elétrica, longe de tudo e de todos. Um lugar onde em se plantando tudo dá, mas com dificuldades imensas para vender e entregar sua produção.

Mas isso está mudando.

Em 2007 a Coopercau teve seu projeto de manejo aprovado pela OIMT – Organização Internacional de Madeira Tropical. Com isto a cooperativa conseguiu o aval para buscar recursos tanto internos como externos. E o dinheiro veio através de um contrato com uma empresa espanhola que forneceu um adiantamento.

O que chama a atenção, e é um exemplo a ser seguido, que não se trata de um projeto voltado somente ao plantio e produção de pinhão-manso. Envolve produção de alimentos (arroz, milho, mandioca, gergelim) e o replantio de plantas nativas para recompor a floresta desmatada com castanheira, copaíba, faveira, guanadi, bolera, cabreúva, frejó, entre muitas outras. Nessa região o produtor rural precisa manter 80% de sua área preservada com floresta nativa. Segundo o presidente da Coopercau, nem um pequeno produtor tem esta reserva, todos precisam recompor.

O pinhão-manso entra no projeto como uma garantia adicional de fonte de renda, um complemento. Segundo o presidente da Coopercau, a colheita, que é a tarefa mais exigida na cultura do pinhão-manso, pode ser feita pela família inteira do pequeno agricultor nos dias de menos serviços em outras atividades do sítio.
A Coopercau incentiva o plantio de até 10 hectares por família, por acreditar que “dez hectares de pinhão é a área que uma família de cinco pessoas consegue manejar sem prejuízo às outras atividades da propriedade, podendo colher a produção nas horas vagas”, segundo seu presidente João Lima.

Por enquanto, nos primeiros anos o pinhão-manso está sendo plantado em consórcio com outras culturas alimentares. No futuro, com manejo e tratos culturais que ainda estão sendo pesquisados, essa prática poderá permanecer ou se consolidará como produção única na área. O ideal é que não se estabeleça como monocultura.

O projeto da Coopercau é mais um que soma-se aos diversos projetos em andamento hoje no país, como da Fusermann em Barbacena, MG, da Biotins no Tocantins e da Bioauto no Mato Grosso, entre outros. Mas, sem dúvida o projeto da Coopercau é o maior em execução.

A ONG Repórter Brasil esteve no local e contou mais detalhes sobre a iniciativa.

Atualização 16.09: A foto ilustrativa acima é de uma plantação em Andhra Pradesh, India, conduzida pela empresa Tree Oil India Ltd. Abaixo mais fotos desta plantação: