O incentivo a poluição e a obrigação brasileira
// 27 maio 2009 // Energia renovável
A consciência não tem sido suficiente e a ordem atual dos governos é preservar o planeta com leis, resoluções, licenças e restrições de todo o tipo em escala mundial, no entanto vemos o mesmo governo incentivando a venda de carros.
As montadoras de automóveis estão em crise no mundo inteiro. Os países despejam montanhas de dinheiro para ajudá-las ou reduzem impostos para manter as vendas e não sacrificar os empregos.
Dependendo o caso, cortar uma árvore é crime. E temos na outra ponta o incentivo dos governos em poluir mais. Temos um paradigma a ser quebrado: quanto mais carros nas ruas mais desenvolvido e rico é o país.
As queimadas e o desmatamento são responsáveis por 70% da emissão de CO2 no Brasil. Essas duas atividades estão longe dos grandes centros urbanos, local onde a poluição é obra dos motores a explosão: Gasolina e diesel basicamente.
Somos bombardeados diariamente por dezenas de propagandas e informações restritivas e outras tantas para mudarmos nossos hábitos: Use sacolas retornáveis de pano nas compras do supermercado, não jogue o óleo usado da fritura no ralo da pia, separe o lixo, recicle, economize água. Como também rádios, jornais e televisão nos inundam com propagandas e incentivos para comprar ou trocar de carro.
O transporte individual acaba sendo priorizado pelo consumidor. Na grande maioria dos casos, pelas péssimas condições oferecidas pelo transporte público. Ônibus urbanos e metrôs superlotados, com demoras e atrasos, incentivam o uso do automóvel, normalmente apenas com o motorista.
Um carro 1.0 emite cerca de 170 quilos de CO2 a cada mil quilômetros rodados. Para compensar essa emissão precisaria ser plantada uma árvore a cada mil quilômetros rodados.
Comprar carro dá status. Comprar carro é o sonho de consumo de dezenas de milhões de brasileiros. Ter um carro dá a sensação de liberdade, de poder ir e vir sem depender de ninguém. Nas grandes cidades essa sensação de liberdade está acabando, o motorista hoje está cada vez mais preso em congestionamentos.
Resolver este problema dos engarrafamentos é um sonho que cada dia que passa fica mais longe. Os investimentos em infra-estrutura urbana chegam sempre tarde. O que está sendo feito hoje, deveria ter sido feito no mínimo há uma década.
Redução das emissões
Mas, se não dá para resolver o problema do tráfego urbano, será preciso encontrar alternativas. Um exemplo a ser seguido é o que a União Européia fez. No final de 2008, a UE fez um acordo com as montadoras para reduzir a partir de 2012 a emissão de CO2 pelos automóveis. Dos atuais 159 gramas de CO2 por quilômetro rodado para 130 gramas. O acordo europeu prevê uma redução escalonada, 65% dos carros produzidos em 2012 deverão alcançar essa redução, 75% em 2013, 80% em 2014 e 100% em 2015. O acordo prevê também que em 2020 seja alcançada a redução de emissão de CO2 por quilômetro rodado de 95 gramas.
O presidente Obama dos Estados Unidos também lançou um arrojado programa de redução de gases do efeito estufa e de eficiência de consumo para automóveis e veículos leves americanos na semana passada. O aumento de eficiência dos motores deverá ser de 5% ao ano, a partir de 2012 até 2016. E os carros deverão alcançar um consumo mínimo de 15,1 quilômetros por litro a partir de 2016. Hoje esse consumo está em 10,6 quilômetros por litro.
Esses movimentos em prol da redução do consumo da Europa e nos Estados Unidos vão beneficiar o Brasil. Todas as montadoras que estão no país também possuem fábricas nessas regiões. Toda a tecnologia gerada lá para os novos motores deverá ser transferida para as montadoras brasileiras.
Mas isto não significa que devemos nos acomodar. Já temos o motor flex, genuinamente brasileiro. Mas, o governo precisará exigir das montadoras que produzam carros exclusivamente com motor a etanol. Já está provado que um carro 1.0 flex faz cerca de 10 km com um litro de etanol. Este mesmo carro com motor exclusivamente a etanol faz cerca de 13 km com um litro. Um aumento de eficiência de 30% e a conseqüente redução de emissão de gases e de CO2. O mesmo serve para o biodiesel.
O governo americano se empenhou para lançar um mega programa de redução de 30% dos gases dos automóveis. O Brasil, apenas com uma assinatura do presidente poderá alcançar essa redução já a partir de 2010.
Será o Brasil de novo na frente na questão de biocombustíveis e redução de consumo. Enquanto EUA e UE alcançarão o máximo de redução prevista apenas em 2016, o Brasil poderá ter isso já no ano que vem.
É só uma questão de vontade política.
Olha agradeço muito pelo vosso trabalho desta revista, por ter me ajudado muito no meu tcc, sobre biodiesel.
Sabendo que ainda falta livros para esse tema e essa revista me ajudou muito obrigado mesmo.