O Poder dos Trópicos
// 13 outubro 2006 // Biodiesel
Há tempos a Europa estabeleceu como prioridade o desenvolvimento de alternativas energéticas e diante da possibilidade de tornar-se um grande importador de biocombustível brasileiro, muitos estudos estão sendo realizados a fim de avaliar a situação brasileira.
Recentemente a agência internacional de energia Bioenergy task 40, publicou um relatório sobre a sustentabilidade da produção de etanol no Brasil. O relatório foi produzido pela Unicamp e pelo Copernicus Institute, a conclusão é de que o atual modelo brasileiro de produção de etanol é ambientalmente sustentável e possui um excelente balanço energético, em torno de 8.3 e no melhor cenário 10.2. Um balanço energético muito bom, pois como exemplo, o etanol de milho, bastante produzido nos EUA, apresenta um balanço pouco maior que 1 e o biodiesel de canola, largamente produzido na Europa, apresenta um balanço energético abaixo de 2.
Este é mais um estudo de muitos que temos lido ultimamente e assim como diversos outros trabalhos em todo o mundo, parece que a conclusão é a mesma: os biocombustíveis produzidos no hemisfério norte dificilmente valem a pena, pois o gasto de energia para a produção é muito elevado quando comparado aos biocombustíveis do hemisfério sul. Conclusão essa que o professor Bautista Vidal já vem dizendo a muito tempo e que faz do livro poder dos trópicos uma leitura indispensável.
Não é a toa que estamos sendo invadidos por investidores estrangeiros buscando mais energia e maiores lucros.
No ano 2015, a vizinha Argentina fica totalmente sem petróleo e isso quer dizer que já em 2009 tem que importar. Em caso continue melhorando sua economia, aumentando suas necessidades energéticas, o problema será maior ainda.
O Brasil fica sem petróleo em 2024 e, se crescer o consumo só em 3% ao ano, finda em 2021. Antes, naturalmente, terá que comprar do exterior. Atualmente gasta 3.500.000.000 dólares por ano, ou seja quase 10 milhões de dólares por dia com importações de derivados de petróleo. Com a décima parte desse valor, bem aplicado, podemos ser autosuficientes produzindo combustíveis renováveis e depois podemos exportar.
Demais está dizer que os valores futuros do petróleo jamais voltam a valores “normais”. Acostumados a receber 70 dólares o barril, quando desce para 50 acham ruim.
Incluindo as nações tropicais, com um pouco de cuidado podem ser a OPEP de amanhã.
No entanto, devemos ficar alertas para que a terra fique para nosso serviço. Podemos ficar sem nada.
São mais do que necessárias leis novas.
Assim como o subsolo é patrimônio da nação (e suas riquezas) a terra, que vai gerar os novos recursos, tem que ter o mesmo nível de cuidado e consideração. Há 25 anos existia um limite para os estrangeiros comprar terras. Em Mato Grosso eram 90 hectares por pessoa. Gostaria de saber se há respeito e fora isso tem que zelar pelo bom uso da terra.
Vou colocar um exemplo chocante, porém que pode ser real =
Chega um bando de chineses no Uruguai. Lá é tudo liberal. Visitam a melhor imobiliária de terras, do Eng° Caldeyro Stajano. Tem dinheiro e desejam um estabelecimento de campo. Fazem um “tour” por varias “estancias”. Em todas elas, descem dos veículos e com uma pazinha cavoucam um pouquinho em 4 partes diferentes e marcam (em chinês) num caderno.
Não demoram. Uma semana depois compram um campo discreto de 1.000 hectares por 1.000 dólares o hectare e pagam um milhão de dólares à vista. Eles tem seus técnicos, não precisam de ninguém e, naturalmente, importam suas máquinas bem en conta.
Escolhem metade da área, passam grade, etc. e plantam com suas sementes, o cogumelo “champignon”. Cobrem a área plantada com plástico preto, que fica a unas 20 cm. do solo com uns pauzinhos. Eles tem bastante mão de obra propria. O plástico tem furos, ou seja permite passar a água da chuva, mas a terra fica na sombra, favorecendo o cultivo do fungo. Quando os champignons nasceram, ainda estão debaixo da terra e ali eles tiram os plásticos e os pauzinhos, enrolam cuidadosamente e guardam para outro plantio. Fazem isso com as primeiras 100 hectares, porque dividiram em 5 diferentes. Então, passam a máquina que colhe e, com a desculpa que vão limpar depois, levantam 10 cm. de terra con cogumelo e tudo.
Eu pergunto = Que lei vai brecar eles levar esse humus para a China ? Com 100 hectares ( o 10 % do que eles compraram) tem ali 100.000 m3 de terra que para eles é adubo puro.
São 230.000 toneladas x U$S 4,35 a tonelada = 1.000.000 de dólares. Já pagaram o campo. Tem o 90 % sem mexer … e isso sem cavoucar muito.
Já sei que isto vai gerar uma discussão medonha.
Cuidado com os advogados e escribas pagos por eles !
O que é “legal”, pode ser imoral.
Um cretino de un advogado pode dizer = Meu cliente pode fazer uma fábrica de tijolos … pega a terra e embarca como tijolos crus. Quem vai impedir ?
O escritor Enrique Fogwill, da Argentina, numa novela conta que fizeram isso e cavoucaram um pouco mais …
Trata-se de um caso de segurança nacional.
Necessitamos um novo “Estatuto da Terra”, que fale claramente o bom uso da mesma e que tem que estar ao serviço do Pais. O alerta que escrevi parece um pesadelo, mas pode ser real. Os chineses tem dinheiro para comprar o Brasil inteiro se quiser, a esse valor de 1.000 dólares o hectare.
Caro sr.Oscar,
Os chineses,americanos ou europeus continuaram comprando as terras e invadindo de todo os modos nossa terra, em quando o nosso país for o país da corrupção e dos bacanais,O que precisamos e de uma reforma moral, em todas as classes do povo brasileiro.Um paìs que elege gente como Palloci,Lula,etc.O que podemos esperar?.Uma verdade inconteste é a de que cada povo de os governantes que merece.E para ter leis que sejam cumpridas e aplicadas precisamos de mudanças que veem de dentro para fora,que veem do espírito para a alma.
Num país onde uma pesquisa do IBOPE detectou que 75 % dos brasileiros responderam que “fariam a mesma coisa se estivessem lá…” referindo-se aos políticos, a única solução é a educação.
Pau torto morre torto…
Outra prova, em todas as pesquisas sobre prioridades, os brasileiros escolhem saúde, segurança, transporte etc… na última, a educação ficou em sétimo lugar…
E o povo não se flagra de que todos educados e instruidos, com pleno emprego e bem alimentados, aqueles problemas se resolvem por si mesmo não é?
Abs, telmoheinen@yahoo.com.br – Formosa (GO)
Biocombustível requer políticas públicas
por jpereira — Última modificação 09/03/2007 17:22
Programas de Rádio
Os anúncios de que o Brasil deverá se tornar uma potência na produção de biodiesel vem gerando temores junto a alguns setores da sociedade. Ambientalistas e organizações sociais alertam que o biocombustível produzido em larga escala pode acabar incentivando cultivos em monocultura, principalmente de soja e cana-de-açúcar, e aumentar a dependência de agricultores a multinacionais do setor. As organizações também advertem para uma possível substituição do plantio de alimentos pelo biodiesel.
Na avaliação do gerente executivo de Desenvolvimento Energético da Petrobras, Mozart Schmitt de Queiroz, os perigos relatados pelas organizações realmente existem. No entanto, ele não acredita que o biocombustível chegará a ser uma ameaça à produção de alimentos, já que existem milhares de hectares de terra agricultáveis que não estão sendo utilizadas em todo o mundo. Para combater a monocultura da soja ou da cana, Mozart relata que a Petrobras vem investindo na diversificação da matéria-prima do biocombustível, como o incentivo ao plantio da mamona, do girassol e de outras oleaginosas típicas da flora brasileira.
“A humanidade precisa repensar o seu consumo energético. Biocombustíveis se pode produzir tecnicamente, a partir da terra. Mas, o uso prioritário da terra é para produzir alimento, além da própria preservação do meio-ambiente. Sem dúvida, é preciso muito cuidado. Mas, ainda que toda a superfície da Terra fosse utilizada para produzir biocombustíveis, não conseguiria manter o consumo no patamar que hoje o Planeta consome de combustíveis fósseis, através do petróleo, carvão, entre outros”, diz.
O governo federal prevê que ainda no primeiro semestre deste ano o Brasil deve produzir mais de 800 milhões de litros de biodiesel. Este número é superior aos 60% da demanda anual de produção, que está em 1,3 bilhão. A lei que obriga misturar 2% do biocombustível ao óleo diesel comum a partir de 2008 e os anúncios de que outros países também estão aumentando sua produção de biodiesel, como a decisão recente dos Estados Unidos em aumentar a produção de etanol, devem estimular ainda mais o desenvolvimento do setor. Para o ex-deputado estadual Frei Sérgio Görgen, que trabalha a questão do biodiesel junto ao Movimento dos Pequenos Agricultores, somente políticas públicas criadas pelo governo garantirão que o setor do biocombistível não se torne concentrado e destruidor, como outros cultivos agrícolas.
“Deve-se criar mecanismos legais e políticos que impeçam a dominação estrangeira sobre a terra e sobre a indústria de transformação da biomassa e biocombustível. Os desafios para garantirmos que a biomassa seja nossa são a proibição de estrangeiros comprarem terras em nosso país e a garantia de uma empresa nacional que coordene todo o processo nacional da produção de biocombustível. A energia do futuro vai partir do campo e ela deve estar na mão de quem trabalha no campo e não na mão de quem explora os camponeses”, afirma.
Atualmente, existem no Brasil 11 usinas de biodiesel em operação e mais 13 em construção. No Rio Grande do Sul há quatro usinas em fase de implantação. Com 24 usinas em funcionamento, até 2010 o país deve cumprir a meta em que é obrigado adicionar 5% do produto ao diesel comum.
O biodiesel é produzido a partir de plantas oleaginosas, como mamona, girassol e soja, que não se esgotam no meio ambiente como o petróleo. (Agência Chasque de Notícias)