Óleo de algas te dá asas
// 26 março 2009 // Matéria-prima
No último dia do Algae Biofuels World Summit, o principal painel foi o debate entre quatro representantes de peso das empresas de aviação.
Michael Baer, diretor da US Airways; Rob Myrben, vice-presidente da Southwest Air; Dirk Kronemeijer, vice-presidente da KLM e Simon Pickup, diretor da Airbus. Todos esses vem realizando algum tipo de experiência com biocombustíveis na aviação. Eles unanimemente acham que a indústria deveria se dedicar mais a fornecer algo como bio-jetfuel que possui um preço melhor que o diesel. Eles se dispõe a fazer contratos de compra de longo prazo, desde que se atenda as especificações internacionais de jetfuel e tenham um preço pelo menos igual a esse combustível. Sobretudo matérias-primas com baixo teor de moléculas saturadas e alto grau de insaturação serão candidatas naturais a utilização em temperaturas de até -50oºC sem problemas de congelamento. Transesterificação com etanol e até outros alcoóis como o isopropanol geram melhores resultados do que o metanol no aspecto congelamento.
Forte candidato é o óleo de algas que normalmente é bastante insaturado, mais insaturado que a soja e que a colza/canola. De fato, KLM está fazendo testes com a empresa holandesa Algaelink. O VP D. Kronemeijer era, entre todos, o mais entusiamado. Talvez um dos mais animados com as algas em toda a conferência. Helen Parker, diretora da Algaelink revelou que fotobioreatores feitos por sua empresa chegarão para testes no Brasil ainda no primeiro semestre/2009.
Aproveitei também para conversar com Alan Weber, renomado consultor americano de biodiesel e com Knight Kiplinger, editor de “reports” do mercado americano de biocombustíveis. Agradeço a eles pelas informações passadas a seguir. Todos estão preocupados com as sanções que a Europa está colocando sobre o biodiesel americano. De abril de 2007 a março/2008 o volume de biodiesel exportado para a Europa foi de mais de 1 bilhão de litros (88% das importações européias de biodiesel). Cá pra nós, essa medida visa neutralizar o subsídio norte-americano de US$ 1/galão do famoso B99.9 tipo exportação, jogada típica de um “John Armless” da vida. O fato é que, errado ou não, isso promoveu muito a indústria americana do setor.
Outra curiosidade que soube deles, a soja hoje representa apenas cerca de 60% da matéria-prima do biodiesel americano. Dentro dos outros 40%, o sebo é o mais importante componente. Isso é interessante pois, até 2006, os americanos achavam o uso de gorduras animais para biodiesel muito restrito a pequenos blends. As usinas brasileiras foram as primeiras de grande porte a mostrar que era possível fazer biodiesel de sebo puro refinado com rendimentos similares à soja. Após o sucesso tupiniquim os americanos estão usando cada vez mais sebo. Afinal de contas, o que não falta nesse país é gordura animal…
Indo do biodiesel para o etanol um fato interessante é a ação agressiva da empresa Valero (uma das maiores refinadoras de petróleo dos EUA) em adquirir sete novas usinas de álcool. A capacidade de produção de etanol da Valero atinge agora 780 milhões de galões/ano (vejam que não é só a Petrobras que está indo com apetite para cima dos biocombustíveis). Além da perspectiva de aumento de 10% para 12 ou 13% do teor de etanol na gasolina (previsto para as próximas semanas), essas empresas apostam na diretiva que corre no senado americano postulando que 75% dos novos carros americanos serão flex fuel em 2015. Nada mal para um mercado de mais de 500 bilhões de litros/ano (mercado americano de gasolina). Por esses motivos, para os próximos anos, a indústria de etanol nos EUA deve crescer mais acelerada que o biodiesel.
Donato Aranda
Ótimo ver a repercurssão que o biodiesel proveniente de Algas está causando. Cada vez mais os pesquisadores de diferente áreas estão se interessando pelo assunto e essa deve ser a tendência para atingir alta produtividade científica nesse assunto. Mas é assim que deve ser, é através da necessidade que nasce o conhecimento científico. É hora de se investir no biocombustível e tornar viável o aprimoramento de tecnologias que viabilizem a produção do mesmo.
Grande Abraço e parabéns pelo sucesso!
Informações valiosas! obrigado Donato….
Abs… e parabéns!
Muito bem… o potencial das algas oleaginosas para a produção de biodiesel não se questiona, porém, as pesquisas e estudos necessitam comprovar a sua viabilidade, principalmente a econômica.
As algas apresentam alto valor agregado além do óleo, vamos cultivar em tanques abertos ou com bioreatores encarecendo os custos de produção?
Todo o cuidado, pouco pra não sair dizendo por ai que descobriram a roda e polvora, ou fazendo um marketing bem feito para vender ilusões.
Vamos estudar mais…
As algas vão realmente mudar o panorama dos biocombustiveis, pena que não existe pesquisa no Brasil, ou se existe fica se escondendo…me chamem por favor quem estiver fazendo…eu estou sozinho e ta bem dificil…Grato
estimados(a), o biodiesel de lagas é uma revolução para um futuro pois a tecnologia custa carrissimo…
fora da realidade brasileira e mundial neste momento de crise.
o que precisamos é de alternativas baratas e que façam o biodiesel dentro das normas da anp e astm internacionais.
abs
Realmente as informções de oleo a prtir algas e muito interessante, so que estas pesquisas se concentraram em outros paises e no Brsil muito lenta,, somento o ano passado o cnpq lançou um edital especifica pra esta lina de pesquisa… sendo em outros paises milhoes e milhoes estão sendo investido… Eu ambem estou procurando interessados em fomentar estudos utilizando algas para produção de biodiesel.aqui em na bahia.. visto ter um boa experiencia no cultivo…..Edson Rosa.. Valeu Donato pelas informações.
As pesquisas e estudos com algas oleaginosas estão ainda muito incipientes no Brasil.
Existem pesquisas pontuais em SC, RJ, RN entre outros estados.
Infelizmente, não foi criada ainda uma “massa critica” no Brasil que entenda realmente de microalgas.
Enquanto as pesquisas estiverem sendo feitas de forma isoladas em bancadas em universidades que somente servem para produzir publicações, sendo assim, as perspectivas futuras estão muito aquém do esperado.
Até com óleo fúsel, fabrico biodiesel, garantindo um mínimo de 50% de conversão em etil ésteres. O duro é encontrar o tal óleo de algas num futuro próximo!
Realmente as universidades usam as verbas apenas para trabalhos ditos científicos. Pouca coisa se aproveita na prática. Estou no ramo de oleaginosas há mais de trinta anos!!! A história se repete desde meus tempos de academia.
oleosgorduras@yahoo.com.br
Muito interessante este espaço para se discutir as algas como matéria-prima para produção de biodiesel. Pelo que vejo existe pesquisa sobre o assunto no Brasil, mas ainda são poucos os grupos. O assunto é bem amplo, existe muita coisa a ser descorta, muita tecnologia a ser desenvolvida e não podemos ficar pra trás.
Tenho um projeto para desenvolver, em fase de captação de recursos, relacionado as microalgas e busco parceiros e colaboradores que também queiram entrar ou já estejam neste mercado. Muito trabalho nos espera! Interessados podem entrar em contato comigo pelo email Krisleysul@gmail.com .
Insisto mais uma vez: Microalgas são uma das alternativas viáveis no FUTURO…
Tenho estudado bastante sobre balanços energéticos no ciclo completo de sua cultura,colheita, extração do óleo e fabricação de biodiesel, mas até agora os números NÃO FECHAM… Ao menos para a produção de biodiesel.
No futuro, quem sabe??? Quem sobreviver, verá… oleosgorduras@yahoo.com.br
[…] minha estadia em S. Francisco, no evento World Algae Biofuels Summit (veja mais aqui, aqui e aqui), na Europa, o etanol apresenta uma taxa de crescimento maior que o biodiesel. Vale destacar uma […]
Os que se consideram ricos e descontraídos porque estão sentados em cima do petróleo ou OURO NEGRO como gostam de lhe chamar, devem pensar também no seu futuro. Os que não são ricos e trabalham têem a seu favor em si próprios, a MASSA CINZENTA e acabarão por revolucionar a energia…
Temos um grupo de pesquisa para obtenção de biodiesel de microalgas na UFPB, estamos na fase de estudo de viabilização técnica/financeira, inclusive com projetos aprovados no cnpq e mct, quem se propuser a trocar experiências, será bem vindo