Moringa – Muito mais que biodiesel
// 09 setembro 2009 // Matéria-prima
Na primeira semana de setembro tive o prazer de fazer a palestra de abertura do I Encontro Nacional de Moringa (I ENAM) em Aracajú-SE. Trata-se de uma das mais versáteis oleaginosas que já tive conhecimento. O Professor Gabriel Francisco da Universidade Federal de Sergipe (UFS) foi o organizador do evento e é o grande pesquisador e entusiasta da “Moringa oleifera lin”. Vários grupos de universidades brasileiras estiveram presentes, inclusive representante do MCT e de empresas fabricantes de biodiesel. Uma nova esperança como forrageira em regiões de semi-árido, como destacou o Prof Jacob Souto da Universidade Federal de Campina Grande.
As fibras da moringa possuem uma excepcional capacidade de absorção e adsorção de óleos e graxas. O grupo da UFS já vem trabalhando há anos com essa aplicação, com projetos industriais de purificação de efluentes, como da água produzida na extração de petróleo, até projetos de pequenos filtros de água em escala de bancada, como apresentado pela mestranda Daiane Pereira. A Universidade Estadual de Maringá (UEM) também mostra aplicações em Estações de Tratamento de Efluentes. Outro grupo, da Universidade Federal do Ceará (UFC), mostrou a redução de enterobactérias de água tratada com moringa. Um dos maiores especialistas em oleaginosas do nordeste, o Professor Lauro Xavier, da UNIT comprovou a ação anti-microbiana da moringa. O grupo da UFPE também comprovou ação bactericida e até termiticida. Meu amigo, professor João Inácio Soletti da UFAL, vem estudando a aplicação como agente coagulante na indústria de laticínios.
Aplicações nutricionais foram destacadas pela Profa. Ilka Vasconcelos da UFC e pala Profa. Patrícia Paiva da UFPE. O Professor Nehemias Pereira da UEM mostrou a aplicação da moringa como adoçantes naturais e até sorvete enriquecido com pó de moringa foi apresentado pelo grupo do Instituto Federal do Triângulo Mineiro.
Após alguns exemplos tão diversos da moringa, muitos desse blog estarão perguntando: Mas e o biodiesel de moringa?
Nas análises que temos feito no Greentec/UFRJ em parceria com o Prof. Gabriel Francisco da UFS observamos que o teor de ácido oléico no biodiesel de moringa varia de 75% a até mais de 80%! O ácido oléico é considerado o ácido graxo ideal para o biodiesel, como destacado pelo Prof. Gouveia da UFPB e pelo Prof. André Ramos da UFS. Trata-se de um componente com excelentes propriedades de inverno, congelando apenas a -10 oC. Por não possuir duplas ligações conjugadas possui enorme estabilidade oxidativa, muito superior ao biodiesel de soja, por exemplo. Certamente, com propriedades tão nobres, a aplicação na oleoquímica é muito mais atraente que biocombustível. O ácido oléico vegetal atualmente está cotado a mais de R$ 4.000,00 a tonelada, portanto, apenas o excedente de óleo de moringa mostra-se interessante para a produção de um biodiesel “Super Premium”.
Donato Aranda
Mais informações sobre a Moringa na edição número 6 da revista BiodieselBR
Excelente a exposição do prof. Aranda em referência a esta oleaginosa.
Com foco assim em todas as aplicações, porém com uma ressalva: óleo vegetal – e o óleo vegetal da moringa é pratica de 75% a 80% de ácido óleico -, cotado a cerca de R$ 4.000,00 a tonelada, se situa e então em condição análoga ao óleo de mamona, pelo menos os requisitos de condição macro-econômica.
Com este valor comercial, se situa e assim fora da realidade como matéria prima para produção de biodiesel. Para nós brasileiros, basta as experiências negativas com o óleo de mamona.
Londrina, 09 de Setembro de 2009 – 14:50 Horas.
Richard Fontana
Diretor de Tecnologia
fontana@austenbio.com.br.
É o primeiro comentário sobre Moringa que vejo, e me deixou muito animado. Vou em busca de mais informações e estudos.
Delcio Junges
Mãe do Rio – Pará
Olá Prof. Donato, eu como aluno do Prof. Gabriel também conhecedor desta excelente oleaginosa, tendo trabalhado nela desde no processo de seu refino, como o meu colega Anderson Cazumbá que mostrou no evento um trabalho sobre a DEGOMAGEM, e lógico na produção de biodiesel em escala laboratorial, venho a pedir uma informação sobre o seu texto supra citado referindo-se ao nome desta planta “moringa oleifera LIN”, tendo um desconhecimento sobre essa terminação “LIN”, a qual conheço como “LAM” de “LAMARCK”, onde Prof. Donato gostaria de saber, donde vem esta procedência referente ao nome.
Prof Donato, eu como aluna do Prof Gabriel e íntima desta oleaginosa fico muito feliz por você está divulgando ‘nossa’ Moringa em seu blog. Espero que esta oleaginosa conquiste novos pesquisadores e que o proximo ENAM seja mais grandioso que este ocorrido em Aracaju. E como citado pelo meu colega Luciano no post acima, não consegui entender de onde veio esta terminaçao Lin, na qual até então não tenho conhecimento.
Aracaju, 09 de Setembro de 2009
Gabrielly Silva
Aluna de Eng. Química
Os alunos estão certos ! Moringa oleifera Lam !!
Pelo relatório de Prof. Donato Aranda, a Moringa oleifera tem muito valor agregado, onde o óleo para a produção de biodiesel me perece ser residuo.
É uma planta que tem alto potencial econômico, portanto, necessita de mais pesquisas e estudos para comprovação de sua real qualidade.
Caro Prof. Donato, favor me enviar material bibliográfico sobre a utilização da gordura de esgotos para a produção de biodiesel.
almirmonte@terra.com.br almir.monte@hotmail.com
Dr. Donato,
Há dois anos, o Dr. Gabriel esteve em Paripiranga (BA) visitando a unidade da Reni OIL. Havia vários pés de plantas na área verde que não sabiamos que árvores era aquelas. Dr. Gabriel logo que as viu correu para catar as suas várgens e me formulou a pergunta se eu sabia que árvores eram aquelas. Disse-me que era MORINGA e que eram árvores sagradas. Daí em diante aquelas árvores são conhecidas por todos como as árvores sagradas do Dr. Gabriel, e o funcionário conhecido como “Ninho”, cuida para que cada semente seja remetida para o Dr. Gabriel na UFS a fim de que este e sua equipe possam desvendar todos os mitos das árvores sagradas. Um abraço, Dr. Donato Aranda.
DONATO,
REALMENTE SÃO MUITAS AS POTENCIALIDADES DA MORINGA, ESSA PLANTA ME CONQUISTOU DESDE 2006. ALÉM DE PRODUZIR UM BIODIESEL DE ÓTIMA QUALIDADE AINDA PODEMOS UTILIZAR OS COPRODUTOS (CASCA E TORTA)NA REMOÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS EM ÁGUA.
ESTOU SUPER ANIMADA EM MINHA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO(ORIENTADA POR GABRIEL E VOCE)ONDE IREMOS TRABALHAR COM A MORINGA.
ABRAÇOS
a única indicação que falte e a produção por hectare . números ,numero e de suma importância. muito obligado pro pela clareza e a densidade do seus artigos
Caríssimo Gilles,
Os valores ainda não são muito precisos. Fala-se em cerca de 600 litros de óleo por hectare (mais que a soja). Porém, os técnicos da área acreditam que com pesquisa poderemos chegar pelo menos a 1000 litros de óleo/ha. Vamos ver…
tenho terra para plantar .existe projeto de ajuda de custos favor me iformar
tem projeto de ajuda de custos
Estou à procura de uma empresa brasileira q se interesse numa parceria com um grupo americano para o set up de fábrica/ planta de energia alternativa (biomass plant) no Brasil. Os estrangeiros querem uma empresa parceira q identifique o melhor local para as instalações e obtenha todas as licenças e permissões necessárias. Por sua vez, os americanos proverão a tecnologia e o capital necessários. Caso a empresa brasileira resolva participar efetivamente do empreendimento, isso será discutido e negociado.
Será q a sua empresa ou outra q vc conheça poderia se interessar por este negócio?…
Gostaria de sua opinião a respeito.
Desde já, MUITO OBRIGADA!
Prezada Maria Ana Neves,
Represento o projeto ProAlga na UFRJ, projeto este que pode ser comprendido a partir do seguinte texto:
UFRJ em Pauta – Ano 2 – edição 17 – 30 de março a 3 de abril de 2009
ProAlga: a nova geração de biocombustível para o desenvolvimento sustentável
Há tempos convivemos com dilemas ecológicos que desafiam a criatividade e a capacidade humanas em ousar soluções sustentáveis, que assegurem a vida do planeta e nele a nossa existência. Entre eles estão a necessidade de preservação da água doce, das terras agricultáveis para a geração de alimentos, do combate ao efeito estufa e da produção de energia a partir de fontes não fósseis. Um projeto pioneiro desenvolvido pela UFRJ promete conjugar esses quatro objetivos a um só tempo. Trata-se do ProAlga, que visa aperfeiçoar o processo de obtenção de álcool através da hidrólise e fermentação da biomassa de macroalgas marinhas. Iniciada no Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG), a idéia é agora compartilhada por professores e pesquisadores de outras unidades da UFRJ, como o Instituto de Química, o Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN), a Escola de Química e núcleos da COPPE como o SAGE e o IVIG. O estudo inédito foi motivo de pedido de patente nacional em novembro de 2007 e também do depósito internacional no PCT (Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes, na sigla em inglês), por meio da Agência UFRJ de Inovação.Essa medida vai permitir que a nova tecnologia seja também protegida em outros países, com royalties para a UFRJ.
A idéia do processo para a obtenção do bioetanol começa com a coleta e secagem das macroalgas, cultivadas em ambiente marinho. Ao contrário da cana-de-açucar, os canteiros flutuantes de algas dispensam o uso de adubos, fertilizantes, evitam a ocupação do solo agrícola, além de não depender das chuvas ou de irrigação. Não podemos esquecer que milhões de litros de água doce são anualmente absorvidos pelas lavouras durante a geração das safras agrícolas.
No estágio seguinte do processo, a massa algácea é triturada e sofre hidrólise (quebra da cadeia e carboidratos ) e, por fim, ocorre a fermentação do hidrolizado e a destilação. “O professor Allen Norton, do Instituto de Microbiologia, superou um dos grandes obstáculos do projeto que era encontrar algum tipo de levedura que fermentasse o extrato de alga com a eficiência adequada à escala industrial”, comenta o professor Maulori Cabral, que lidera o Grupo Pró-Alga.
De acordo com Maulori, no plantio das algas da espécie Kappaphycus alvarezii, obtém-se cerca de 110 toneladas de massa seca por hectare/ano, em águas frias como a do litoral sul fluminense. Atualmente, fazendo-se extrapolações da metodologia de bancada já é possível deduzir que pode ser produzido 9,18 m3 do álcool de terceira geração com o de extrato de alga coletado em um hectare/ano. Comparativamente, a colheita da cana no estado de São Paulo fornece anualmente, 7 m3 de etanol por hectare/ano. Pesquisas revelam que quando for alcançada a hidrólise completa da biomassa algal, a partir de metodologias já identificadas pelos professores da UFRJ, será possível produzir 64 m3 por ha/ano.
Há, porem, razões para um futuro mais promissor. Explica o professor Maulori que se o cultivo de algas se der em águas quentes como as nordestinas, a produção pode triplicar. As algas se apresentam como o gigante adormecido do agrobusiness energético e a redenção para o nordeste brasileiro. Alia-se a isso a grande capacidade das algas de converter CO2 em biomassa, liberando pelo processo de fotossíntese, mais oxigênio para a atmosfera que as florestas. Neste sentido, o cultivo de algas, que exige uma tecnologia muito simples e é geradora de emprego e renda, transforma-se num poderoso aliado no combate ao efeito estufa, com resultados e produtos que podem ser negociados como créditos de carbono no mercado internacional.
Uma vantagem adicional, que começa a despertar o interesse de empresas produtoras de camarão em viveiros costeiros, é que o plantio das algas, em consorcio com a criação de crustáceos nos tanques, favorece a despoluição das águas, por absover a uréia expelida pelos animais, ao mesmo tempo em que amplia a conversão de CO2 em biomassa pelas algas.
Destacam-se, ainda, os múltiplos usos das algas como matéria–prima, atualmente importada pelo Brasil, para espessantes e gelificantes nas indústrias alimentícia, farmacêutica e cosmética, e para os procedimentos de Microbiologia e Biologia Molecular.
Texto de Beatriz da Cruz e Fernando Pedro Lopes – CoordCOM/UFRJ
Fonte:
Professor Maulori Cabral, professor do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da UFRJ
Ricardo Pereira – Agência UFRJ de Inovação, relacionada à patente do processo.
Contato:
Professor Maulori Cabral: (21) – 2562-6698 / 9853-3317
Agência UFRJ de Inovação: (21) – 2598-1748
Sou advogado e trabalho com viabilização de negócios e projetos.
Tendo interesse neste ramo de atividade busco projetos para investimento em usina de biodiesel.
Grato
Contato: cavallanti@cavallanti.adv.br
Adorei as informações.
Estou no 3° módulo do curso de HIDROLOGIA na escola Técnica Centro Paula Souza na cidade de Itanhaém,(litoral sul de S.P.),onde meu tema de TCC,é a despoluição através da Moriga Oleifera.Gostaria, se possível,que me enviassem material sobre o assunto.Desde ja agradeço.
mi.isis@hotmail.com (contato)
Tenho estado a ler artigos via net sobre a Moringa, tem me deixado bastante impressionada, porque nos em Moçambique falamos pouco da utilidade da desta planta, estou na segundo ano de mestrado na Universade Pedagogica, tenho um bom espaço de terra e gostava de implementar a plantação de um projecto com a moringa para melhorar a vida de muitas das nossas comunidades. Obrigada. outro contacto: cinocapatricio@gmail.com.
Ao prof° Maulori Cabral
olá, ano passado assisti a sua palestra sobre o projeto ProAlga, na FIAM que houve em Manaus…
Sou estudante de engenharia de produção pela UFAM, esse ano terei que apresentar o meu TQB…
o tema sera voltado ” A produção de biodiesel através das microalgas”…
e gostaria de saber se o senhor poderia me orientar um pouco mais sobre o assunto, pois comecei minhas pesquisas agora e tenho pouco conhecimento sobre o assunto..
desde já agradeço…
ma_ynandes@hotmail.com
OLÁ PROFR. OBRIGADA PELAS INFORMAÇÕES SOBRE A MORINGA ESSA GENEROSA ARVORE QUE VEIO AO BRASIL,PARA TRANSFORMAR,NOSSAS VIDAS DE AGRICULTOR, QUE ACREDITAMOS. E INVESTIMOS NESSE PROGETO DE SUSTENTSBILIDADE,POIS ELA E DE MULTIUSO POR CONTER MICROS E MACROS NUTRIENTES. TENHO RECEITAS E ESTOU CONSUMINDO NA MINHA DIETA ALIMENTAR.
Sou Gestor de uma companhia agricola,a 5 anos tive enteresse na planta Moringa,plantei 50 arvores na primeira fase,agora estou plantando mais 100,gostaria de ter parceria em Brasil para o estudo mais profundo da Moringa para no futuro breve ter uma producao em grande escala
Aguardo ansionsamente
A.Bambo
Prezado, boa tarde!
Eu sou Abulai, sou Advogado. Sou produtor e tenho trabalhado bastante com Moringa Oleífera Lam, tanto para fins nutricional bem como medicinal.
Estou preparando projeto para conseguir financiamento para aumento de plantação e produção deste produto em larga escala, porém careço de informações referente a cotação de Moringa no mercado e de eventuais compradores.
Gostaria que me ajudassem com tais informações ou indicassem os possíveis meios de encontras estas informações.
Agradeço desde já.
Abulai Sisse.