Admirável Biocombustível Novo
// 20 julho 2009 // Matéria-prima, Pesquisas
Quando Aldous Huxley publicou “Brave New World” (Admirável Mundo Novo) em 1932, havia a impressão que mais cedo ou mais tarde chegaríamos a uma sociedade programada biologicamente. Parecia uma mera questão de tempo. Paralelo às teorias do “socialismo científico” de Marx, os conceitos de religião e mesmo de família pareciam ter seus dias contados num rolo compressor de suposta modernidade. Descobertas incipientes da ciência traziam um clima de euforia. O que era considerado ficção científica para alguns, para outros era contemplado como perfeitamente possível e, fanaticamente defendido como algo eminente.
O tempo mostrou que a ciência, à exemplo do Homem, possui muitos limites. Direitos individuais e princípios éticos também ganharam força nas últimas gerações. Mas o desenvolvimento científico apesar de certo empirismo, apesar de tentativas e, muitos erros, segue, sem embargo.
Felizmente, seria exagero dizer que já vivemos no “Admirável Gado Novo” de Zé Ramalho ou no “Admirável Chip Novo” da cantora Pitty. Por outro lado, já estamos chegando na fase do “Admirável Biocombustível Novo”. Nesse cenário, muitos processos, sobretudo baseados em biotecnologia e engenharia genética transformam fontes renováveis em diesel renovável, bioquerosene, biogasolina, enfim, praticamente qualquer sucedâneo dos combustíveis convencionais.
Em palestra realizada há poucos dias na sede do IBP, no Rio de Janeiro, a Amyris apresentou seu processo para a criação de uma biorefinaria. Partindo-se, por exemplo, de caldo de cana, utilizando uma classe específica e proprietária de levedura, obtém-se diesel renovável. Se o objetivo é produzir querosene de aviação, uma cepa diferente faz esse papel. Uma outra terceira levedura pode produzir borracha a partir dos carboidratos ao invés de biocombustíveis. Bem vindo ao mundo dos isoprenóides!
A LS9 é uma outra empresa norte-americana que utiliza tecnologia semelhante e fechou parceria com a gigante Procter & Gamble. Além de um rendimento energético similar a produção de etanol a partir da cana, o diesel renovável, composto basicamente de hidrocarbonetos, não é solúvel em água. Assim, uma centrifugação substitui a etapa de destilação, tornando o custo operacional mais barato.
Uma outra opção não envolvendo microorganismos geneticamente modificados é o processo que transforma o etanol (obtido naturalmente por fermentação alcoólica do caldo de cana) em biogasolina ou outro biocombustível utilizando um catalisador produzido também no Brasil. Trata-se da zeólita ZSM-5 produzida no país pela empresa Sentex, do Rio de Janeiro. Esse catalisador foi originalmente desenvolvido pela Mobil para transformar o metanol em gasolina (processo MTG). Na época, os preços do etanol eram proibitivos. Hoje, com etanol a US$ 0.30-0.35 por litro traz viabilidade para o processo ETG (Ethanol to Gasoline), biogasolina, no caso.
Isso sem falar nos processos termoquímicos como a gaseificação da biomassa seguida da síntese de Fischer-Tropsch ou mesmo a pirólise catalítica seguida de hidrorrefinos convencionais.
O leque de opções dos biocombustíveis cresce rapidamente. De fato, as ferramentas que transformam ciência em tecnologia são cada vez mais eficientes. O processo da Amyris está previsto para entrar em operação comercial já em 2011, no Brasil. Embora estejamos falando de diesel renovável e não de ésteres de ácidos graxos, esse processo tem uma curiosa aliança com a matéria-prima. Sempre nos perguntamos qual seria a “cana do biodiesel”?
Pois a cana do biodiesel pode ser a própria cana…
A ciência,a pesquisa,são armas imesuráveis e está aí,a chave para abrir os caminhos da bioenérgia e a cana se transformando na cultura rainha da bioenérgia…são descobertas revolucionárias,as matrises do biodiesel demandavam mais tempo para conseguirmos a auto suficiência em biocombustível mas com a cana entrando em cena,poderemos acreditar que a partir de 2011 poderemos usar uma B50 já naquele ano…
O Brasil entra nessa no primeiro da fila,demonstrando ao mundo que os esforços feitos para se chegar na bioenérgia são altamente compensadores e o meio ambiente agradece.
A utilização da cana como cultura rainha sem dúvida é a visão mais atraente que temos no momento, devido as suas técnicas de cultivo e processamento já desenvolvidas em larga escala em nosso país. Devemos focar muito de nossas pesquisas no desenvolvimento dos biocombustíveis de segunda geração, utilizando-se materiais lignocelulósicos, pois assim evitamos a utilização de fontes de biomassa utilizadas na alimentação humana. Processos de transformação da celulose em açucares simples devem ser cada vez mais trabalhados, pois são muito promissores, porêm ainda de pouco rendimento.
perfeito, professor. O que se precisa é que os nossos governos – o federal à frente – sejam capazes de definir projetos estratégicos, matrizes estratégicas para que o Brasil assuma um papel de liderança e relevância em p esquisa e produção de energias e combustíveis alternativos.
Aldous Huxley previa um mundo extremamente envolto de paradigmas sociais e psíquicos tal como hoje, visto que os biocombustíveis são uma nova realidade que nos traz a percepção de um Admirável Mundo Novo, renovado em suas energias e contemplado por uma ciência precisa e exata.
Começo a acreditar que um dia, não muito longe os combustíveis fósseis começam a ficar para trás. Os tempos mudam, sempre assim foi e continuará a ser. O que hoje é uma utopia, amanhã é uma realidade. Os senhores do petróleo que se cuidem, não fiquem eternamente sentados em cima da sua riqueza actual. Invistam pelo menos naquilo que não tem preço… a “massa cinzenta” do seus povos.
fiquei muito alegre com a noticia. mas aqi na minha cidade e no meu estado, o prejuizo para a população com o cultivo da cana é enorme, e creio que não é novidade para ninguém isso. mas é bom saber que brasileiros tem potencial para transformar garapa em querosene , gasolina ou outro combustível que se desejar. Mostra a nossa criatividade e potencial. Por que o jeitinho brasileiro é fantastico até para isso.NÃO É BOM?
Será que os nossos dirigentes entendem um pouco de ciência para ver que o jogo só esta começando ,não se pode apostar em nada :nem e sobre todo no pré sal,nem cana,nem soja,nem algas, nem sol o vento.Por favor. Esvazia cabeça ,feche os olhos….. agora abre. VE a matéria prima esta na sua frente…..por enquanto….,fora se já viro areia do deserto da ganancia. Só precisa agora chamar os químicos para tirar o que desejo,seja por processos físicos :esmagamento,centrifugação ,calor…,o e químicos,o vitais:bactérias,leveduras, fungos ,isso e só digestão .Talvez um dia cada um poderá transformar o seu lixo orgânica em energia que não seja só queimando-o ,da mesma forma que cada um pode fazer seu pão seu vinho seu vinagre sua cervejinha.isso seria o Admirável Mondo Novo.
Formidável essa matéria.
[…] mais de um ano atrás, escrevi em meu blog o texto “Admirável Biocombustível Novo”, numa referência a Aldous Huxley e seu “Brave New World”. O que aconteceu de lá para cá […]