Recursos para pesquisa em biodiesel não podem parar

// 19 abril 2011 // Pesquisas

No início de outubro foi realizado em Belo Horizonte o 4º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel, juntamente com o 7º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos e Gorduras. Neste ano, novo recorde. Mais de 1.200 trabalhos nas diversas áreas: armazenagem, co-produtos, agrícola e produção de biodiesel, da qual fui um dos coordenadores. Trata-se de um número impressionante. Nos diversos eventos de química e engenharia química de que participo, não me lembro de ter visto um tema como o biodiesel atrair tantos trabalhos de pesquisa.

Deve-se lembrar que isso não ocorre apenas pela grande criatividade dos pesquisadores brasileiros. Recursos financeiros são grandes motivadores dessas inovações. O Ministério da Ciência e Tecnologia, através do CNPq e da Finep, muito contribui para isso. Vamos aos números, que nos ajudam a compreender esse quadro.

Em 2005 foi criada a Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel (RBTB), cujo plano de ação foi estruturado por meio de cinco seminários temáticos e reuniões de planejamento. Em 2006, foram gastos R$ 32 milhões do FNDCT para a execução das ações das Sub-Redes Temáticas da RBTB e execução do seu plano de ação. Já em 2007, ocorreu o início da estruturação de um programa de certificação e capacitação da Rede de Caracterização e Controle da Qualidade de Biodiesel, com recursos investidos da ordem de R$ 16 milhões do FNDCT. No biênio 2008-2009, foram alocados R$ 40 milhões do FNDCT em novas ações de P&D no âmbito do desenvolvimento tecnológico do PNPB. Estas ações foram estratégicas e dirigidas para solucionar os principais gargalos tecnológicos existentes na cadeia de produção e uso do biodiesel (seis chamadas públicas e quatro encomendas de pesquisa). Em 2010, ocorreu o lançamento de chamada pública, pelo CNPq, voltada para apoiar projetos integrados de biodiesel, envolvendo as cinco áreas temáticas da RBTB, no valor de R$ 15 milhões. Pela Finep, já houve aporte de R$ 40 milhões (2007-2009) em projetos de biodiesel financiados através de editais de Subvenção Econômica. Isso resulta em mais de R$ 150 milhões para pesquisa em biodiesel, fora os recursos da organização dos quatro congressos, os recursos para testes de campo com B5 e B20, além de recursos oriundos de editais não-específicos para biodiesel (como Edital Universal etc).

Portanto, fica claro que os resultados de pesquisa não ocorrem à toa. São necessários recursos e muito esforço de coordenadores, como Rafael Menezes, Gustavo Ramos e Adriano Duarte, todos do MCT. Mas o que depende dos cientistas do biodiesel, o país pode esperar e pode cobrar! Em época de mudança de governo, apenas ficamos um pouco apreensivos pelo trauma da descontinuidade dos recursos para pesquisa científica. Independentemente do governo que venha a assumir, nunca é demasiado lembrar que o biodiesel é um programa que traz orgulho à nação. Ao escrever essa coluna, encontro-me mais uma vez nos EUA (a décima vez este ano) em mais uma conferência em que o Brasil é exaltado pelo seu avanço nos biocombustíveis. Que nossos novos governantes venham fortalecer ainda mais o programa de biodiesel no Brasil. Rivalidades futebolísticas á parte, a Argentina já passou o Brasil com o uso do B7 e está próxima de iniciar o B10. Não podemos ficar para trás.

Coluna publicada na edição nº 19 da revista BiodieselBR

Donato Aranda

Catálogo do biodiesel 2010



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