Marco Regulatório dos Biocombustíveis: fundamental para a consolidação da liderança brasileira
// 19 abril 2011 // Biodiesel, Energia renovável, Programa nacional
Há mais de um ano atrás, escrevi em meu blog o texto “Admirável Biocombustível Novo”, numa referência a Aldous Huxley e seu “Brave New World”. O que aconteceu de lá para cá no mundo dos novos biocombustíveis? Geograficamente, o Brasil ocupou a maior parte do espaço das novas inserções nesse tema.
Apenas para citar alguns exemplos, a Vale criou a empresa Vale Energia Limpa, que aposta na rota termoquímica (em parceria com o grupo europeu SGC), pensando em grandes plantas a partir de bagaço de cana e, eventualmente, dendê.
A empresa Amyris ocupou intensamente a mídia, fato natural sendo uma empresa que realizou seu “IPO” ao longo deste ano. A empresa foi avaliada em US$ 680 milhões e teve suas ações inicialmente negociadas a US$ 16, um pouco abaixo da expectativa. Pouco tempo depois, as ações já atingiram os valores esperados, acima de US$ 20. No Brasil, a empresa iniciou testes em veículos da frota SPTrans, na cidade de São Paulo, em parceria com a Mercedes-Benz. Resultados preliminares mostram significativa redução nas emissões. Ao longo de 2011, são previstos avanços principalmente no “scale up” do processo, ou seja, na engenharia de aumento de escala.
A LS9 é uma empresa que possui estratégia de “low profile” quando comparada à Amyris. Todavia, seu processo, que também parte do açúcar para chegar a um diesel renovável, vai ainda mais além por permitir a produção de metil ésteres utilizando a E. coli proprietária, modificada geneticamente. Essa diferença é sutil, pois, sendo metil éster, esse produto enquadra-se na tabela de especificações do biodiesel de acordo com a resolução vigente da ANP. De fato, o laboratório Greentec/UFRJ recebeu amostra da LS9 e comprovou que esse produto pode ser considerado biodiesel em todos os itens previstos pela ANP.
A empresa Ourofino, de Ribeirão Preto (SP), é outra que conseguiu grandes avanços na escala de produção de óleos a partir de açúcares (melaço) e vinhaça. O Greentec/UFRJ também recebeu amostras da Ourofino e comprovou que o biodiesel gerado atende a especificação da ANP. A grande vantagem da Ourofino é não utilizar um microorganismo geneticamente modificado – uma significativa vantagem nas barreiras de biosegurança.
Diante de tantos grupos sérios que, cada dia mais, apontam que a cana do biodiesel pode ser a própria cana, urge a aprovação do novo Marco Regulatório dos Biocombustíveis. Toda inovação tecnológica é muito cara e não pode ficar por muito tempo à mercê de demoras na regulamentação. A agilidade nesse marco será decisiva para que o Brasil possa propiciar e atrair ainda mais profusão tecnológica e consolidar sua liderança mundial nos biocombustíveis.
Coluna publicada na edição nº 20 da revista BiodieselBR
Donato Aranda
Prezado Prof. Donato Aranda,
Parabéns pela matéria o marco regulatório do biodiesel e aproveito este para lhe pedir referências/artigos relacionados ao consumo energético (MJ/Kg de biodiesel) na rota tecnológica de esterificação.
Desde já obrigada por sua atenção.
Kátia Garcez
Geógrafa-Doutoranda em Ciências Agrárias-UFRA
Bolsista DTI-CNPq