Sindicom e produtores de biodiesel se unem para evitar problemas no inverno

// 07 maio 2009 // Biodiesel, Matéria-prima, Usinas

Ponto de entupimento do biodiesel

Nesta semana participei, na sede do Sindicom ( Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), como convidado de uma importante reunião sobre problemas associados ao uso de biodiesel de sebo em regiões frias. Esse tema é bastante importante, sobretudo com a chegada das baixas temperaturas, em algumas localidades até mais cedo que no ano passado.

O CFPP (ponto de entupimento de filtro a frio) do biodiesel de sebo metílico puro fica entre 13 e 15 oC. O problema de CFPP é maior no transporte do biodiesel das fábricas até as bases, onde pode haver congelamento do produto. Após a composição dos blends (B3 e futuramente B4) o CFPP deixa de ser problema.

Entretanto, o CFPP não é o único problema. Nas regiões mais frias do Sul do Brasil, cristais de monopalmitina e monoestearina podem causar problemas nos filtros dos veículos e nas bombas de abastecimento. Esse é um ponto de controvérsia. O Grupo Bertin, vem realizando um sério trabalho de monitoramento do uso de B20 (com biodiesel de sebo) em vários veículos e motores estacionários. Jamais detectou-se qualquer problema, mesmo no inverno paulista de 2008. Muitas variáveis estão em jogo, inclusive as propriedades do próprio diesel que variam de forma sensível regional e sazonalmente. Os representantes da Petrobras propuseram a realização de um workshop nos próximos meses visando discutir-se com mais profundidade as experiências e possíveis soluções para esses problemas.

Só em 2009, o Grupo Bertin entregou mais de 21 milhões de litros de biodiesel de sebo puro. Apenas um caminhão foi devolvido. Não por problema de qualidade do biodiesel, apenas um problema no carregamento do caminhão. O volume de biodiesel de sebo entregue pela empresa Biocapital é ainda maior. Ambas as empresas presentes na reunião do Sindicom comprometeram-se liberalmente a produzir blends sebo-soja ao longo do inverno de 2009 visando reduzir-se o CFPP. Mais do que isso, as distribuidoras serão avisadas da composição dos blends com antecedência, facilitando a programação logística de cada distribuidora.

Aditivos para reduzir as propriedades de frio (CFPP, ponto de névoa e fluidez) ainda são ineficazes no caso do biodiesel metílico de sebo. Já o biodiesel etílico de sebo possui propriedades de frio cerca de 6oC mais resistentes do que o produto metílico. Porém, apenas poucas empresas, como a Fertibom, possuem tecnologia para essa rota.

Em textos futuros estarei explicando com mais detalhes as grandes vantagens do biodiesel de sebo. Não são poucas, cercas de pelo menos dez vantagens quando comparado com o biodiesel de soja.

Os problemas desse produto não devem ser omitidos, nem tampouco utilizados para crucificar um produto que é uma vocação do país grande produtor de carne e gorduras animais. Além disso, lembro-me com clareza quando muitos especialistas europeus diziam ser quase impossível especificar biodiesel de sebo. Pois hoje, esse produto fabricado no Brasil passa com folga nos padrões de especificação da Europa. Uma grande vitória da indústria brasileira de biodiesel.

Vitória ainda maior foi observar o respeito e a maturidade com que os representantes do Sindicom e os produtores de biodiesel sentaram-se a mesa e discutiram de forma altamente séria e pró-ativa cada aspecto dessa questão. Comportamento exemplar, de alto nível que fortalece ainda mais o PNPB.

Donato Aranda

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5 Comentários em “Sindicom e produtores de biodiesel se unem para evitar problemas no inverno”

  1. Carlos Eduardo disse:

    Eu acredito que o uso de sebo tende a crescer no Brasil e isto é altamente desejável. E as medidas que estão sendo adotadas agora resolvem o problema, mas apenas neste momento. Pois com o aumento do uso de sebo, os blends passam a ser mais difíceis e uma solução diferente precisará ser adotada.

    Acredito que o uso do etanol seria de fundamental importância para resolvermos isso e ainda fazer o biodiesel ser mais limpo.

    Agora o incentivo ao etanol não vai acontecer da noite para o dia, se não começarem a se mexer agora, no inverno do ano que vem vão ter que usar a soja. Mas não é o governo o maior interessado em alternativas a soja? imcompreensível muitas vezes as atitudes do governo…

  2. Cristiano Rodrigues disse:

    Pues,
    Estou em uma plante de biodiesel na europa y usamos el Infineum R432 de alemaña e o Keroflux de Basf 9212 e mesmo com un sistema de lavado por wintherizaçao nao chegamos a um Poff esperado.
    Tivemos muitos problemas esse ano e estamos trabalhando com a materia prima e produto final para o prozimo inverno.

  3. Augusto disse:

    Eu acredito que os anticongelantes atualmente são uma estratégia tão boa quanto os blends (misuras de biodiesel de diferentes matérias-primas).

  4. No ano passado usei azeite de cozinha em minha camionete F1000 numa proporção de 2azeite por 1 de disel e diminuiu o comsumo e até puxava mais.
    Ai mandei um email para um engenheiro da petrobras e ele não acreditou que o carro sem nenhuma modificação no motor poderia estar andando e sem problema.

  5. […] já discutido em meu blog no site BiodieselBR, os principais produtores de biodiesel de sebo puro (Bertin e Biocapital) já […]

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