Enxofre no diesel: uma agressão a todos
// 21 maio 2009 // Biodiesel
Paralelamente ao aumento do teor de biodiesel no diesel (B3 para B4), os noticiários foram invadidos por discussões sobre outro relevante aspecto dos combustíveis, o teor de enxofre. Estima-se que, apenas no diesel, mais de 40 mil toneladas de enxofre sejam emitidas para a atmosfera anualmente no Brasil.
Na verdade, esse enxofre é queimado junto com os hidrocarbonetos do diesel, produzindo mais de 80 mil toneladas de SOx/ ano. Esses gases (SO2, SO3), em contato com a umidade de nossa pele e nosso sistema respiratório, produzem nada menos que o ácido sulfúrico (H2SO4). Alguns gases, como o monóxido de carbono (CO), são mais leves que o ar e sobem rapidamente pela atmosfera. Esse não é o caso dos SOx, que são mais pesados que o ar e permanecem por muito mais tempo em contato com a superfície. A chuva ácida assim gerada não destrói apenas florestas; causa inúmeros problemas na epiderme e destrói o trato respiratório. Mais do que uma questão ideológica ou ambientalista é um caso de saúde pública. Aquela sensação de queimação que sentimos ao receber a fumaça de escapamentos de caminhões e ônibus não é à toa.
Infelizmente não há como se andar com uma redoma alcalina blindando nosso corpo dessa agressão. A solução é eliminar o enxofre do diesel. Enquanto no Brasil o teor de enxofre no diesel varia de 500 ppm nas regiões metropolitanas a 1800 ppm no resto do Brasil, Europa, EUA e Japão adotam um máximo de 50, 15 ou 10 ppm, dependendo do país. Significa dizer que a concentração de enxofre no diesel brasileiro é até cem vezes maior que a média dos países desenvolvidos. Sem falar que outros países latinos, como o México, há anos utilizam menos de 50 ppm. O Chile, que nem é um grande produtor de petróleo, desde 2005 utiliza 50 ppm de enxofre no diesel. Por mais que reconheçamos o esforço recente da Petrobras em importar diesel S-50 (50 ppm de enxofre) para algumas frotas em regiões metropolitanas, trata-se de um atraso injustificável.
Parte da responsabilidade deve-se à ANP, que possui o papel de estabelecer padrões de qualidade, sobretudo por existir resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) sobre esse assunto desde 2002 (resolução 315). O mais surpreendente é a atitude da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), ao dizer que os veículos nacionais não estão preparados para receber um diesel de baixo enxofre pela baixa lubricidade resultante. De fato, os sistemas de injeção por bombas rotativas necessitam de alta lubricidade advinda do próprio combustível, e não apenas do óleo do cárter. Todavia, ignora-se a existência de aditivos promotores de lubricidade comercializados por várias empresas nos países que utilizam S-50, S-15 e menores concentrações de enxofre. Além disso, sabidamente o biodiesel aumenta a lubricidade do diesel. Trata-se de uma razão concreta e urgente que justifica teores de biodiesel no diesel maiores que os 4% anunciados para os próximos meses.
A exemplo do que ocorre há décadas com o álcool, os postos de combustíveis deveriam prover a sociedade com a alternativa do biodiesel puro (B100) nas bombas. Melhor para a saúde das pessoas, melhor para a saúde do motor. Em tempo, o teor de enxofre no biodiesel é ZERO. Uma forma elegante de sairmos da vergonhosa posição de país que mais emite SOx nas Américas.
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Acredito que existe muita gente,classe produtora,esmagadoras de sementes,prefeituras principalmente de áreas metropolitanas atoladas em super transito de veículos a diesel,etc…muito interessadas que a mistura do biodiesel avance o mais rápido possível,porém o que estar ocorrendo é uma dependência muito grande do óleo da soja que estar caro e tende a ficar mais caro e que para se fazer uma B3,precisávamos de mais de 70% de óleo de soja,para aumentarmos em 1% a mistura,significa mais 450 000 ton de óleo e isso nos leva ainda mais para a dependência da soja o que virá aumentar o preço do combustível nas bombas…
O programa errou quando elegeu a mamona como uma boa fonte de biodiesel e estar andando devagar na produção de outras matérias-prima…o sebo de boi estar de oferta diminuida devido a crise internacional,
ou se parte para incrementar produção das palmas,pinhão manso,cambre,dendê,girassol,óleo reciclável, e etc…não teremos muita liberdade de aumentar a mistura sob pena de termos um biodiesel muito caro e aí,vai complicar os caminhoneiros principalmente.
A China e a Índia estão crescendo entre 5 e 7% em pleno ano da crise,está promovendo uma forte inclusão social,são 50 000 000 de bocas a mais,consumindo a cada ano,eles são compradores de soja,vão comprar frango e logo mais vão comprar suinos e bovinos,tudo isso significa alto consumo de soja,portanto seu preço será sempre ascendente…a soja estar nessa acidentalmente,com apenas 20% de óleo,ela não podia ser planejada para biodiesel mas seu cultivo já vinha embalado e atualmente é a única cultura que tem produção em escala alta mas o seu consumo tem crescido muito o que impediu dela ser massa de manobras especulativas lá na Bolsa de Chicago e não dá para ser matéria-prima para bioóleo… resumindo,para se aumentar a mistura,terá que se incrementar ao máximo a produção de metérias-prima.
Instalou-se muitas esmagadoras,temos uma capacidade instalada de 3 800 000 ton/ano e agora se tem que esperar a produção de outras matérias-prima porque foi errado o planejamento dessas esmagadoras pensando na soja…uma B4 corresponde a 1 800 000 ton/ano???
adorei o site, sempre que puder vou estar lendo as últimas novidades. Essas siscuções são bem democraticas.
Parabéns!
Estimado Profesor Aranda:
Lo felicito por su articulos sobre BIOFUELS, no obstante con relacion al azufre o enxofre en el diesel en Chile, le informo que
solo en Santiago se vende este combustible con 50 ppm, en el resto del pais se continua vendiendo con 500 ppm de azufre.
Y esto es por falta de voluntad politica de nuestros gobernantes
y de la misma empresa petrolera ENAP, que tiene mas poder en
Chile que el mismo Gobierno.
Como muestra le puedo informar que en Chile todavía se continua usando MTBE como aditivo de la gasolina en vez de
usar ETANOL. y esto por por voluntad de ENAP.
Atte.
Patricio Cavieres Korn
Presidente de la Comisión de Agroenergia del
Colegio de Ingenieros Agronomos de Chile.