10 vantagens do biodiesel de sebo
// 02 julho 2009 // Matéria-prima
O inverno está se aproximando e as preocupações quanto ao possível congelamento ou entupimento causado pelo biodiesel de sebo puro são reais. Sobretudo nas bases de combustíveis que atingem menos de 15oC por um período razoável de tempo. Nessas condições, o biodiesel metílico de sebo de fato pode congelar (o biodiesel etílico de sebo congela apenas abaixo de 7oC).
Conforme já discutido em meu blog no site BiodieselBR, os principais produtores de biodiesel de sebo puro (Bertin e Biocapital) já assumiram que irão produzir blends de sebo com óleos vegetais a fim de alcançar valores adequados de CFPP (ponto de entupimento de filtro a frio). Uma solução simples e madura que de fato resolve o problema.
Infelizmente, a mídia divulgou alguns comentários completamente desproporcionais, mencionando que o biodiesel de sebo deveria ser proibido ou desestimulado. Essas críticas, via de regra, pecam pela superficialidade e pela miopia, enxergando apenas uma pequena face desse produto que é, após a soja, a principal matéria-prima do biodiesel no Brasil.
Para uma análise mais completa, há que se destacar também as vantagens do biodiesel de sebo. Vamos ser modestos e citar apenas dez vantagens:
1. Não compete com os alimentos. Felizmente, no Brasil é cada vez menor a utilização de gorduras animais na alimentação humana;
2. Transforma-se um resíduo em biocombustível. Sim, à medida que o país se tornou o principal exportador de carne do mundo, o volume de sebo produzido no Brasil passou a ser um subproduto. Antes do PNPB, muitos frigoríficos e curtumes chegaram a enterrar sebo. Outros queimavam-no em caldeira, o que certamente produz emissões de acroleína, pela queima da glicerina embutida na gordura;
3. O biodiesel de sebo possui maior estabilidade à oxidação que o biodiesel de soja. Em condições adequadas, um biodiesel puro de sebo pode ser estocado por mais tempo que o de soja. Isso ocorre pelo pequeno teor de moléculas com insaturações conjugadas, quase ausentes no sebo e presentes na maior parte dos óleos vegetais;
4. O biodiesel de sebo possui um cetano maior. O diesel de petróleo possui cetano em torno de 45. O cetano do biodiesel de soja é 55 e o biodiesel de sebo chega a 70. O cetano mede a qualidade de queima do combustível no motor diesel. Equivalente à octanagem na gasolina;
5. O biodiesel de sebo emite menos NOx (óxidos nitrosos) do que o biodiesel de soja. É o que mostra o estudo do Laboratório Nacional de Energia Renovável, dos EUA (NREL, na sigla em inglês);
6. As análises de ciclo de vida mostram que o biodiesel de sebo é ambientalmente mais favorável que a maioria dos biodieseis vegetais. Isso significa que, analisando-se toda a cadeia de produção, emite-se menos CO2 usando sebo do que colza ou soja, por exemplo;
7. O biodiesel de sebo é uma vocação brasileira. O Brasil será, cada vez mais, o maior provedor de carnes do mundo, e conseqüentemente de gorduras também. Proibir o biodiesel de sebo é como se proibir a produção de etanol da cana, outra vocação nossa;
8. Tecnologia nacional. O Brasil foi o primeiro país no mundo a montar grandes plantas totalmente com sebo. No princípio, muitas grandes empresas estrangeiras questionavam a possibilidade de se fazer biodiesel de sebo. Após a experiência do Brasil, os EUA aumentaram significativamente o emprego do sebo na produção do biodiesel;
9. O biodiesel de sebo é mais barato. R$100 a R$200 por tonelada mais barato que o óleo de soja. Essa diferença faz uma planta sair do vermelho e apresentar resultados lucrativos. Assim geram-se empregos e o PNPB vai para frente;
10. Biodiesel de sebo abre caminho para o biodiesel de palma. A palma é a opção mais concreta de alta produtividade de óleo. Atualmente, várias empresas estão investindo enormes recursos em centenas de milhares de hectares para produção de palma para biodiesel no Brasil. As propriedades de frio do biodiesel de palma são muito similares às do sebo. Esta matéria-prima proporciona um excelente aprendizado no manejo futuro do biodiesel de palma.
Parabéns pela criatividade e empreendedorismo do corpo técnico e dos produtores brasileiros de biodiesel. O biodiesel de sebo bovino foi uma conquista de que devemos nos orgulhar. O próximo desafio é desenvolver processos que utilizem gorduras de porco, frango e peixe. Essas matérias-primas mais ácidas serão em breve também empregadas em grande volume.
O grande problema de biodiesel de sebo no Brasil é a falta de sebo de qualidade. Os processos de graxaria de alta temperatura resultam em partículas insolúveis de em média 0,3-0,5% no sebo no Brasil. Essas gomas causam problemas sérios no processo de transesterificação.
Processos de graxaria – rendering – de baixa temperatura geram apenas 0,01% de partículas insolúveis, que facilita a produção de biodiesel a base de sebo. A Nova Zelândia está produzindo biodiesel a base de 100% sebo bovino há alguns anos.
Acredito que devemos explorar mais a gordura vegetal para oa produção do Biodiesel .Economicamente , mais barato .
O exemplo da BERTIN, visitem a Empresa em Lins São Paulo, No Brasil o uso total das gorduras de origem animal tem suas limitações tais como: qualidade do produto, aspectos tecnologicos, custo de produção, especificações químicas da matéria graxa, viabilidade econômica para o biodiesel.