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Univaldo Vedana: A evolução que não acontece


Edição de Jun / Jul 2012 - 20 jun 2012 - 09:27 - Última atualização em: 10 jul 2012 - 17:25

O PNPB está passando pela sua transformação mais radical. Em relação ao passado, o novo sistema de leilão fará com que o setor amadureça numa velocidade muito maior. O marco regulatório desta nova fase já está pronto para ser apresentado aos políticos que irão tomar a decisão sobre seu rumo. Usinas menos preparadas deverão dar lugar a grandes empreendimentos com melhores condições de produzir biodiesel mais barato. Contudo, há uma importante área onde não tem havido avanço nenhum, a agrícola.

Todos sabem que a soja não é a matéria-prima ideal para o biodiesel, mas também sabem que é a única em quantidade suficiente para atender a demanda. Mais do que ser ajudado pela soja, o biodiesel ajudou os produtores desse grão. Depois da introdução do biodiesel a saca de soja nunca mais teve a sua cotação abaixo do valor de custo de produção. Isso trouxe uma segurança aos produtores que era impossível antes da chegada do biodiesel.

Essa mesma segurança oferecida à soja poderia ser oferecida para uma série de outras oleaginosas que não são produzidas em escala suficiente no Brasil, mas que já tem sua produtividade e adaptabilidade comprovada. Para isso seria preciso criar programas específicos para o incentivo a essas culturas, da mesma forma que foi feito com a palma.

A palma é uma das melhores plantas no mundo para quem quer produzir óleo. São mais de 2.500 litros de óleo por hectare, cinco vezes mais que a soja. A dificuldade está no tempo necessário para que o plantio atinja sua maturidade e no montante financeiro envolvido para se plantar em larga escala. Cultivar milhares de hectares e esperar cinco anos para começar a ter retorno, não é para qualquer empresa.

Por essa razão, culturas não perenes podem trazer um resultado mais rápido. Várias delas podem ser plantadas por produtores que hoje plantam soja. Não precisariam comprar maquinários caros, nem fazer investimentos de retorno demorado. Só não são plantadas atualmente porque não há um incentivo àqueles que podem ser os compradores, os produtores de biodiesel.

O biodiesel tem potencial para ser o catalisador de uma nova fase da agricultura brasileira, onde a dependência da soja seria muito menor e as exportações teriam valor agregado, seja com a exportação do farelo ou dos produtos que consumirão esse farelo. Para tanto é preciso abrir mão de algumas receitas tributárias e criar um programa de incentivo a novas oleaginosas.

O programa da palma foi uma excelente iniciativa do governo, mas este não pode se acomodar. O novo marco trará metas de uso de novas oleaginosas, mas tal medida sozinha não deverá causar toda a transformação que é possível realizar na agricultura nacional. Já imaginaram o efeito que teria hoje uma campanha governamental semelhante àquela feita por Lula no começo do programa de biodiesel, só que com uma oleaginosa melhor e em conjunto com um programa de incentivo sólido? O trauma da mamona precisa ser superado dentro do governo.

Univaldo Vedana é analista do setor de biodiesel