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ProÁlcool - Aspectos Econômicos


BiodieselBR - 29 jan 2006 - 23:00 - Última atualização em: 04 mar 2012 - 21:01

Custos de Produção do Álcool

Os custos de produção do álcool são diretamente ligados à produtividade da lavoura da cana-de-açúcar e ao rendimento industrial do processo de produção do etanol. Nas últimas duas décadas, o desenvolvimento e a implantação de novas técnicas e tecnologias no setor sucroalcooleiro foram os grandes responsáveis pela redução nos seus custos de produção. De 1976 a 1996, os custos de produção do álcool carburante caíram de aproximadamente 90 US$/bep para aproximadamente 45 US$/bep, o que corresponde a uma taxa média de redução de custos na faixa de 2% a 3% a.a..

Os ganhos de produtividade do setor sucroalcooleiro passaram por três fases distintas:

- a partir de 1975, busca por maior produtividade industrial;

- a partir de 1981-82, busca por maior eficiência na conversão de sacarose para o produto final, bem como por reduções de custo;

- a partir de 1985, gerenciamento global da produção agrícola e industrial, incluindo o planejamento e o controle da produção da cana, integrados com a produção industrial.

Para uma melhor eficácia dos programas de desenvolvimento tecnológico, a maior ênfase do setor tem sido na área agrícola, pois essa etapa concentra cerca de 61% dos custos de produção do etanol.

Etapas da Produção:

Na produção de cana (fase agrícola)

A produtividade média da cana-de-açúcar brasileira aumentou de 50 a 60 t /ha em 1975 para cerca de 75 a 85 t /ha em 1996, devido a vários fatores:

- variedades selecionadas de cana-de-açúcar - a Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo Ltda. - Copersucar11 detém o maior programa do mundo para estudos sobre o melhoramento genético da cana, atendendo a aproximadamente 60% da produção de cana do Brasil;

- tecnologia agrícola - destaca-se o princípio do gerenciamento da produção agrícola com a utilização de mapas de solos, usos de imagem de satélite para identificação varietal e aperfeiçoamento do manejo em geral;

- redução do consumo de combustíveis na colheita - em 1996, o consumo era 50% inferior ao de 1991 e havia a previsão de redução de mais 50% nos três anos seguintes, graças à evolução na mecanização da colheita e ao transporte de maior número de toneladas de cana por viagem;

- colheita da cana crua - comercialização de equipamentos para a colheita de cana crua;

- manejo de resíduos agrícolas - aproveitamento do vinhoto e limpeza da cana a seco, sem a necessidade de lavagem; há perdas de 1 a 2% do açúcar, levado pela água quando da lavagem da cana, sendo que quando se adota a limpeza da cana a seco deixa-se de incorrer nessa perda;

- redução da demanda por adubos artificiais - valorização do vinhoto como adubo orgânico, rico em fósforo e potássio.

Na produção de etanol (fase industrial)

Verificaram-se, nos últimos anos, significativos avanços tecnológicos, resultando em um aumento da produtividade média de conversão de cana-de-açúcar em etanol de 75 l / t em 1985 para cerca de 85 l / t em 1996, devido a vários fatores:

- extração do caldo - o índice de extração do caldo na moagem da cana elevou-se de 92%, no início do Proalcóol (1975), para 97%. Por outro lado, com pequenas modificações em equipamentos e no sistema operacional, foi possível elevar a capacidade de moagem em 45%;

- tratamento e fermentação do caldo - primeiramente, controle biológico e, em seguida, fermentação contínua (mais de 230% de produtividade em relação a 1975);

- destilação - aumento da capacidade de acordo com o grau alcoólico da mistura, devido à melhoria nos equipamentos;

- melhorias no campo da energia - na produção de açúcar e do álcool, de 1980 a 1995, o percentual de auto-suficiência em energia elétrica nas usinas passou de 60% para 95%.

Diversas usinas já vendem excedentes de energia para a rede elétrica. Em São Paulo, já há uma potência inicial de 300 MW disponibilizados para o sistema elétrico.

Os preços dos combustíveis no Brasil são determinados pelo livre mercado. Dada a importância do setor e a sua própria natureza, que muitas vezes se afasta dos padrões de concorrência perfeita, as atividades de produção, distribuição e comercialização de combustíveis são reguladas pela Agência Nacional de Petróleo - ANP.

A diferença percentual entre os valores atribuídos ao etanol e ao gasool (gasolina misturada com álcool anidro) entre 1980 e 1997, indica a existência de fases de interesse governamental diferenciado pelo etanol:

- 1980 a 1983 - forte estímulo ao álcool carburante - pressionado por uma crise da balança de pagamentos e pelos altos preços do petróleo importado, o preço do etanol nesse período era cerca de 40 a 45 % inferior ao da gasolina.

- 1984 a 1988 - estímulo moderado ao álcool carburante - interesse interno de controle da inflação e uma redução dos preços do petróleo importado, a partir de 1985, fez com que o preço do etanol nesse período fosse em média 35 % inferior ao da gasolina.

- 1989 a 1996 - fraco estímulo governamental ao programa devido à crise de abastecimento de álcool do fim da década de 1980 e aos baixos preços do petróleo no mercado internacional. No período, a diferença de preços para o consumidor entre o álcool hidratado e a gasolina caiu a níveis inferiores a 20%, tomando-se o preço da gasolina como referência.

- 1997 até os dias atuais - nos anos mais recentes, com a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, a diferença de preços para o consumidor entre o álcool hidratado e a gasolina voltou a se elevar. O retorno dos incentivos ao carro a álcool tem sido debatido13 e os preços crescentes do petróleo no mercado internacional, bem como a realidade cambial, tendem a viabilizar o uso do álcool e também de outros combustíveis renováveis, como o biodiesel.

Durante a década de 1980, o etanol, além de favorecer a redução das importações de petróleo e derivados, foi também um importante produto da pauta de exportações brasileiras. Todavia, a partir de 1989, houve um período de importações líquidas de etanol, em decorrência da crise interna de abastecimento. Nos últimos anos, o balanço voltou a ser de exportações líquidas e há clara tendência de que o Brasil deverá ser um significativo exportador desse produto, devido às vantagens comparativas da produção no país e à adoção de programas de uso do álcool combustível em diversos países como estratégia de melhoria ambiental e redução de emissões.